Numa operação militar sigilosa, os Estados Unidos (EUA) atacaram três instalações nucleares do Irão, provocando “danos extremamente severos” em Fordow, Natanz e Isfahan. O ataque, descrito como de “surpresa”, foi concretizado com recurso aos bombardeiros B-2, mísseis de cruzeiro Tomahawk lançados de submarinos e caças de quarta e quinta geração. De acordo com o Pentágono, não houve qualquer tentativa por parte do Irão de interceptar o ataque.
A operação, denominada de “Midnight Hammer” (Martelo da Meia-Noite, tradução livre), começou quando sete bombardeiros B-2 descolaram da base de Whiteman, no Missouri, de forma muito sigilosa, descreve o The New York Times, depois de uma conferência de imprensa com o secretário de Estado da Defesa, Pete Hegseth, e o general Dan Caine, chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano.
Seguiu-se um voo de mais de 11 mil quilómetros rumo ao Irão, obrigando a vários reabastecimentos durante o percurso, com apoio de caças F-35 e F-22 que atacaram sistemas iranianos de defesa aérea, preparando a aproximação dos bombardeiros.
Em paralelo, relata o The Wall Street Journal, outros B-2 voaram na direcção oposta — sobre o Pacífico —, numa manobra deliberada de distracção. O objectivo: enganar os serviços de informação estrangeiros e preservar o “elemento-surpresa”, criando a percepção de que os EUA se preparavam para atacar noutra frente.
Segundo o mesmo jornal, Donald Trump deu a ordem para o ataque na tarde de sábado, a partir do seu clube privado em Nova Jersey. Até então, o Presidente norte-americano insistia numa solução diplomática — o que poderá ter contribuído para uma eventual desmobilização da vigilância iraniana. Esta quinta-feira, a Casa Branca anunciara que a decisão sobre se os EUA entrariam ou não directamente no conflito seria tomada “nas próximas duas semanas”.
“Alto nível de confidencialidade”
Cerca das 17h de sábado (no fuso horário da costa leste dos EUA), segundo o The New York Times, um submarino da Marinha norte-americana lançou mais de duas dezenas de mísseis Tomahawk contra alvos em Isfahan, enquanto os bombardeiros se aproximavam do espaço aéreo iraniano.
A ofensiva começou pelas 18h40, com o lançamento de 14 bombas GBU-57, as chamadas “bunker buster” (“destruidora de bunkers“) ou Massive Ordnance Penetrator (MOP), sobre as instalações de Fordow e Natanz.
A três centrais terão sido atingidas em menos de meia hora — a operação terá terminado pelas 19h05 de sábado (hora norte-americana). Foram utilizadas “aproximadamente 75 munições de precisão”, incluindo mísseis de cruzeiro. O chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, o general Dan Caine, garantiu que “não houve qualquer disparo iraniano contra os aviões americanos”, sublinhando o grau de sigilo. “Foi uma missão com um elevado nível de confidencialidade, com pouquíssimas pessoas em Washington a par do momento ou da natureza deste plano”, referiu aos jornalistas.
Ao final da noite de sábado, Donald Trump falou ao país a partir da Casa Branca. “Os ataques foram um êxito militar espectacular. As principais instalações de enriquecimento nuclear do Irão foram total e completamente destruídas. O Irão, o rufia do Médio Oriente, tem agora de fazer a paz. Se não o fizer, os ataques futuros serão muito maiores e muito mais fáceis”, afirmou.
A versão apresentada pelo Irão é ligeiramente diferente. A televisão estatal iraniana fala em “pequenos danos nos túneis de entrada” e a Organização de Energia Atómica do país disse que vai continuar a trabalhar no programa nuclear, de acordo com o The Wall Street Journal.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, acusou os EUA de sabotarem as negociações em curso. “Estávamos no meio de negociações. [Os EUA] provaram que não são homens diplomáticos e que só percebem a linguagem da ameaça e da força, e isto é lamentável”, afirmou, citado pelo mesmo jornal.