Dúvidas presidenciais? | Opinião | PÚBLICO


Ter dúvidas é positivo enquanto as certezas ainda não se formaram. No caso das presidenciais, se havia dúvidas sobre quem poderia ser o candidato do centro e do centro-esquerda, com melhores possibilidades de criar oportunidades para uma segunda volta e ganhar as eleições presidenciais, no passado dia 15 de Junho essas dúvidas foram clarificadas. Esse candidato é António José Seguro.

Pelas mesmas razões que em 1996 decidi estar com Jorge Sampaio e em 2016 estive com António Sampaio da Nóvoa, acredito ser hoje António José Seguro o candidato com melhores hipóteses de colocar na agenda os ideais de um Portugal mais justo, mais livre e mais unido.

Há, neste momento, três candidatos com hipóteses de ganhar as presidenciais e ainda outros mais com possibilidade de fazer ouvir, através da sua voz, as preocupações dos portugueses. No entanto, ser Presidente da República, durante pelo menos cinco anos, não é apenas um ato de coragem ou produto de simpatia. Tal como eleger um Presidente não é uma recompensa por feitos passados, sejam eles na vida militar ou civil. Eleger um Presidente da República é cuidar do nosso futuro enquanto país, dentro e fora das nossas fronteiras.

Ser Presidente implica conhecer o país, os portugueses, ter mundo civil e militar, experiência política e capacidade de nos unir perante as adversidades e promover a união, também, quando tudo está bem, para que se possa tornar melhor a vida dos portugueses. Ser Presidente é saber falar, mas sobretudo é saber ouvir e saber juntar vontades para fazer acontecer aquilo que é preciso que aconteça para todos. Todos, façam eles parte do mundo inaceitável da pobreza em Portugal, que importa combater, ou do grande mundo da classe média que aspira, com enorme justiça, a ver a sua vida melhorada a sério.

Ser Presidente implica ter experiência de gestão do poder civil e não precisar ainda de fazer da campanha presidencial um qualquer tirocínio político, tal como a escolha de Rui Rio para mandatário de Gouveia e Melo indicia.

Ser Presidente implica ser capaz, simultaneamente, de unir as esquerdas, estar confortável no centro e ter as pontes certas para a direita democrática, uma combinação de atributos que falta a Marques Mendes.

António José Seguro está confortável com a nossa Constituição da República, com os valores de Abril e com a necessidade de valorizar a ética republicana na política, nos negócios e no quotidiano de todos nós.

Se esta é a análise sobre o porquê do eleitor de esquerda, do centro e da direita democrática poder vir a votar António José Seguro em Janeiro de 2026, importa agora questionar porque deve o Partido Socialista apoiar a sua candidatura e porque, numa segunda volta, devem os candidatos dos outros partidos de esquerda vir a fazer o mesmo.

Não sendo militante do PS nem de nenhum outro partido da esquerda ou da direita torna-se, provavelmente, mais fácil olhar com o distanciamento necessário para os factos do nosso contexto político actual.

Vamos então aos factos que importam. As últimas duas eleições legislativas demonstraram que, embora os portugueses tenham votado mais em partidos de direita do que de esquerda, a maioria sociológica, tal como é construída pela escolha dos programas dos partidos mais votados, continua a ser de centro-esquerda ou, se preferirmos, é constituída pelo apoio às medidas social-democratas na governação.

A esquerda, a metade do espectro político que se identifica como tal, seja ela composta por militantes, simpatizantes ou só votantes nas últimas eleições no Partido Socialista, Livre, Bloco, CDU ou mesmo no PAN e JPP, não pode deixar de analisar o que se está a passar em Portugal, quer nas dinâmicas, quer nos pormenores do contexto político.

Quantos candidatos presidenciais da área do Partido Socialista são precisos nestas eleições? E da parte dos restantes partidos de esquerda?

Deixando a análise sobre o PS para o final, importa, pragmaticamente, assumir que os partidos de esquerda que perderam votantes nas últimas legislativas precisam de apresentar candidatos próprios à primeira volta destas eleições presidenciais.

Sobre a escolha presidencial do Partido Socialista, a resposta tem também de ser, igualmente, pragmática. É possível no PS todos concordarem em apoiar um só candidato? Não, não é. Aliás, nunca foi em nenhuma das eleições presidenciais anteriores. No entanto, já tivemos eleições presidenciais com apenas um candidato da área do PS, como foi o caso com Jorge Sampaio e que coincidiu com a última vez que as coisas correram bem para o Partido Socialista em presidenciais.

A esquerda não pode ignorar a conjuntura política de hoje. Ela é o que é, pode gostar-se ou não, mas não me parece de todo útil ignorá-la. Nomeadamente, caso se queira que quem vença as eleições presidenciais assegure um país que não se fragmente, ainda mais, social, económica e politicamente.

Por tudo isto, no contexto político actual, o melhor candidato, aquele que está mais bem preparado para utilizar esse contexto a favor dos portugueses, na defesa de melhores condições de vida, da liberdade de pensar e agir e que possui a melhor capacidade política para ser Presidente de todas e todos é António José Seguro.



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