Aqui há umas semanas, tive uma intervenção naquele programa que antigamente se chamava Governo Sombra que, como se costuma dizer, viralizou. É coisa que não me costuma acontecer em televisão, mas desta vez até fui parar ao TikTok. Eu estava a comentar o papel do jornalismo na última década – do deslumbre com os delírios woke à forma como ele reagiu aos avanços das direitas radicais –, e a certa altura disse, com um ar excessivamente zangado: “A função de um jornalista é contar o mundo. É explicar o mundo. Não é indignar-se com o mundo. Não é querer endireitar o mundo. Não é querer salvar o mundo.” E a seguir acrescentei que se os jornalistas queriam fazer moral, então que fossem para padres. Note-se que eu gosto imenso de padres, e acho que eles fazem muita falta. Mas na missa, ao domingo. Não nas redacções dos jornais, das rádios ou das televisões.
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