Brasil pressionado a baixar preços do alojamento ou COP30 pode sair de Belém | Brasil


A estadia para os participantes da COP30, que se vai realizar na cidade brasileira de Belém, está a tornar-se uma crise que pode levar a que a conferência do clima não se realize em Novembro na capital do estado do Pará. Em causa estão os preços elevados do alojamento na cidade, comprometendo a participação de várias delegações.

A crise no alojamento na cidade tomou proporções políticas durante a conferência de Bona, na Alemanha, que se realiza até dia 26 deste mês e onde se rematam os últimos preparativos para a COP30​. Segundo relata a publicação brasileira Sumaúma, em reuniões entre representantes brasileiros e representantes de outros países, houve mesmo a ameaça de um pedido formal para não se realizar a conferência do clima em Belém.

Vários países estão agora a pressionar o Brasil para que este intervenha na redução dos preços do alojamento na cidade do estado do Pará. De acordo com o site brasileiro Reset, que fala numa “crise diplomática”, há várias delegações oficiais que ainda não têm onde ficar hospedadas em Belém. Os preços elevados que estão a ser praticados podem mesmo levar à ausência de alguns países na COP30, segundo o que foi discutido numa reunião do G77, grupo onde estão representados mais de 134 países em desenvolvimento nas negociações do clima.

“Contamos com os mecanismos de oferta e demanda, mas houve uma falha de mercado e agora estamos lidando com isso. Com atraso, mas estamos”, garantiu o presidente da COP30, o diplomata André Corrêa do Lago, numa conferência de imprensa.

Ausência de países em desenvolvimento

Em muitos casos, os países em desenvolvimento são os que mais sofrem com os efeitos das alterações climáticas. São também os países com menos recursos financeiros, sendo os mais afectados pelos elevados preços do alojamento em Belém. O problema do custo da estadia numa cidade anfitriã da cimeira do clima já surgiu no passado.

Em 2021, na COP26 em Glasgow, a BBC descobriu que vários hotéis da cidade estavam a praticar preços exorbitantes, comparados aos preços que costumavam ser praticados naquela época do ano. Também surgiu a questão de algumas delegações não serem capazes de ir por causa dos custos.

Segundo o Reset, os protestos relativos a esta crise vêm de vários países, com diplomatas de quatro países a admitirem que ainda não têm estadia em Belém. Um delegado indonésio, por exemplo, descreveu que as delegações têm por norma entre 25 e 30 pessoas, mas este ano o tamanho da delegação “ainda é incerto por causa dos custos”, relata o site.

Resposta do Brasil

Para a organização da COP30, o caminho será a criação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que procura equilibrar o preço das noites na cidade entre os vários alojamentos, de forma a que não se ultrapasse, por exemplo, os preços praticados durante o “Círio de Nazaré”, uma celebração religiosa que atrai milhares de pessoas anualmente até Belém.

As organizações da sociedade civil, contudo, não parecem satisfeitas com essa abordagem. “Não se trata de uma feira de negócios ou de uma atracção turística. Precisamos garantir a participação de indígenas e afrodescendentes”, enfatizou Gina Cortés Valderrama, do colectivo colombiano Aluna Minga, citada pelo Sumaúma​.

Em resposta aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva, afastou a possibilidade de uma intervenção mais controlada do governo e espera que os hotéis acabem por assinar o documento proposto.

Numa reunião aberta a 19 de Junho, em Bona, Valter Correia da Silva tinha dito que foram identificados 29 mil quartos, com 55 mil camas. Estes números incluem cerca de quatro mil cabines em dois navios de cruzeiro contratados pelo governo. Ainda, há milhares de quartos em edifícios públicos.

Foi ainda garantido pelo secretário extraordinário para a COP30 que vão existir preços por noite a partir dos 100 dólares. Ainda no final do mês de Junho deverá ser lançada uma plataforma online com a oferta de 2,5 mil quartos – uma promessa feita já em Fevereiro.

Editado por Aline Flor



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