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A imigração tem trazido ganhos importantes para Portugal e, em especial, para Lisboa, onde 30% dos habitantes são estrangeiros, acredita o prefeito da capital portuguesa, Carlos Moedas. Para ele, há uma politização excessiva em torno do tema imigração, que acaba ofuscando os aspectos positivos, inclusive os econômicos, para o país.
“Acho que não devemos politizar o tema da imigração, porque isso é mal para todos. Países só se constroem com ideias diferentes. Se somos todos iguais e do mesmo lugar, não nos desenvolvemos”, disse ele ao PÚBLICO Brasil, depois de encontros com prefeitos de cidades brasileiras nesta semana.
Moedas ressaltou, porém, a necessidade de se ter regras claras para a imigração, de forma que todos se beneficiem. “A lei e a ordem são para ser cumpridas, e é importante que isso fique claro, pois, se não há regras, não há dignidade para receber as pessoas”, assinalou. “A imigração é importante em muitos aspectos, mas defendo que se tenha regras”, reforçou ele, que é do PSD, mesmo partido do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Carlos Moedas e o prefeito de Osasco, Gerson Pessoa: busca por parcerias
Carlos Vasconcelos
Na última segunda-feira (23/06), o Governo de Montenegro anunciou uma série de medidas para conter a imigração em Portugal. Uma delas amplia o prazo para se obter a nacionalidade portuguesa. No caso dos cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o tempo mínimo de residência legal no país passou de cinco para sete anos. Para os demais estrangeiros, o prazo dobrou, de cinco para 10 anos. Em outra medida, o Governo restringiu o reagrupamento familiar.
Impacto econômico
Ao defender a imigração com regras para Portugal, o prefeito de Lisboa destacou a importância da comunidade brasileira no país, que tem feito investimentos importantes, criando empregos e gerando renda. Apenas em 2024, os brasileiros contribuíram com quase 1,4 bilhão (mil milhões) de euros para a Segurança Social, um recorde.
Aos prefeitos brasileiros com os quais conversou, entre eles, Gerson Pessoa, de Osasco (São Paulo), sede de algumas das maiores empresas do Brasil, Moedas ressaltou: “A interação entre os dois povos vai além do mercado brasileiro e do mercado emocional, além da tecnologia e da inovação. Podemos fazer muito mais entre as cidades brasileiras e Lisboa”.
Pelos cálculos do Consulado do Brasil em Lisboa, há mais de 350 mil brasileiros vivendo na região abrangida pela capital portuguesa, de longe, a maior comunidade de estrangeiros. No total, estima-se em quase 1 milhão os brasileiros espalhados por Portugal, aí incluídos aqueles que têm dupla cidadania.
“A proximidade entre brasileiros e portugueses é muito grande, não apenas por causa da língua, mas pelo empreendedorismo, que tem criado empresas e valor nos negócios”, disse Moedas. No entender dele, a colaboração entre as cidades brasileiras e Lisboa só tende a aumentar. “Precisamos ver quais portugueses podem ir para as cidades brasileiras e elevar o valor de sua contribuição ao Brasil e que brasileiros podem acrescentar contribuição estando conosco”, emendou.