A passagem do homem na Rua de Miraflor não permite acertar o relógio de forma exacta, mas anda lá perto. Quem o diz é Manuela Matos Monteiro, capaz de se orientar pelo passo acelerado do vizinho a empurrar o seu carrinho de mão onde carrega uma gigante caixa de cartão: “Quando o senhor Manuel passa são nove e meia, dez horas…” É o início da rota, repetida ao fim da tarde e todos os dias da semana, “faça chuva ou faça sol”. Manuel Silva sai do seu armazém, a duas portas do MIRA Galerias, e percorre várias lojas nas freguesias de Campanhã e do Bonfim, no Porto, para recolher cartão. Acarta, dobra, empilha. Junta fardos que ultrapassam os 100 quilos. Depois vende o cartão a uma empresa que exporta para a China.
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