Maiores empresários do país querem “reiniciar Portugal para crescer” | Empresas


O homem que fala pelos líderes de 43 grupos e empresas nacionais relevantes acredita que Portugal tem “oportunidades” e “capacidade” para abandonar o “miserabilismo” e ir à procura, “com mais energia”, de “um caminho mais eficaz”. Mas, sublinha, talvez seja preciso reiniciar a máquina. Ou até mesmo “apagar” alguma da “memória recente”.

“Queremos reiniciar Portugal para crescer”, diz Carlos Moreira da Silva, actual presidente da associação Business Roundtable Portugal (BRP), introduzindo assim na conversa o mote da conferência ctrl alt Portugal, que hoje tem lugar, a partir das 14h30, na Casa da Música, no Porto, com um dos Prémio Nobel da Economia 2024, James A. Robinson, co-autor de obras muito citadas como Porque Falham As Nações (originalmente publicado em 2013 e lançado nesse mesmo ano em português pela Temas e Debates, numa tradução de Artur Lopes Cardoso).

Na referida obra, ele e Daron Acemoglu (com quem partilha o Nobel da Economia 2024) respondem da seguinte forma à pergunta sobre o que leva os países a falhar ou a prosperar: “Instituições, instituições, instituições.”

Será uma oportunidade única para perceber a visão de um dos cientistas políticos mais respeitados do momento sobre o estado actual do mundo. Robinson tem dupla nacionalidade (britânica e dos EUA). O que pensará sobre o Estado de direito nos EUA?

Tendo em conta a “receita do BRP para Portugal”, que Moreira da Silva irá apresentar antes de Robinson subir ao palco, a presença deste também cai como uma luva no debate que a associação quer ter com o poder.

O país “melhorou muito a formação”, mas esqueceu-se da formação profissional, “algo que foi socialmente desqualificado entre nós”, lamenta Moreira da Silva. “As empresas médias não crescem, mesmo as bem-sucedidas”. No primeiro caso, é preciso “política pública”. No segundo, o problema é de “governança da empresa”, aponta o mesmo responsável.

“Olhando para trás, sentimos que perdemos muitas oportunidades. Talvez menos nos últimos anos, mas esta é um pouco a ideia, apagar o que está na memória recente, para podermos ter mais energia para ir à procura de um caminho mais eficaz.”

Esse caminho só se encontrará com uma “mudança mais profunda”. “Pensamos que há oportunidade e capacidade para iniciar uma mudança mais profunda com o objectivo de gerar mais valor, mais investimento, melhores salários e maior inclusão social. Para isso é preciso criar uma visão partilhada do que queremos ser enquanto país, mudar a cultura e a prática do Estado e dos seus agentes para reconhecer, criar valor”, argumenta.

“A criação de riqueza é central ao sucesso do país e para podermos financiar as políticas públicas. Precisamos de vincar na cultura do país e do Estado que queremos encorajar e celebrar o sucesso das pessoas e das empresas”, prossegue, alertando em seguida: “Isto implica várias coisas.”

“Reformar o Estado e a sua relação com os cidadãos e com as empresas, fortalecer as instituições e assegurar o verdadeiro Estado de Direito. Repare que uma das partes importantes da conferência é a discussão entre James Robinson – o homem que melhor se expressou sobre a importância das instituições para o sucesso das nações –, Nuno Palma e Pedro Santa Clara. Portanto, pensamos que é muito importante este aspecto: valorizar o talento e também a ambição. Perdermos um bocado esta costela miserabilista que temos e criar condições para que as pessoas e as empresas cresçam, invistam e façam crescer o país.”

O Nobel da Economia 2024 intervirá num painel de 60 minutos sobre a importância das instituições e do Estado de direito, logo depois de António Leitão Amaro, ministro da Presidência e representante do Governo neste encontro, e que, na expectativa dos empresários, explicará porque acha que o país está no caminho certo. O painel com o ministro intitula-se “E se correr bem?”.

Na segunda metade desta conferência, voltar-se-á a falar dos EUA. Durão Barroso, antigo primeiro-ministro português e antigo presidente da Comissão Europeia, é o convidado principal para falar de Trump 2.0.

A empresária Chitra Stern, fundadora e líder de uma marca de hotéis e resorts de luxo em solo nacional, apresentará em 25 minutos a história do seu percurso, desde as suas origens em Singapura e Índia, à cidadania britânica e, finalmente, ao facto de ter escolhido Portugal para os seus negócios.

Antes disso, cabe a outros membros da BRP apresentarem e justificarem as “três prioridades” para o país. Entre as quais está uma revisão completa do ensino profissional. É um tema que estava a ser trabalhado com o anterior Governo e que “ainda não foi repescado” com o actual executivo de Luís Montenegro, revela Moreira da Silva.

“Fizemos uma revisão de todos os currículos do ensino profissional, que entregámos ao Ministério da Educação, e a próxima fase é ir mais longe e perceber como é que podemos ajudar.”



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