Uma “onda” gigante a sobrevoar as praias portuguesas. O que são as nuvens-rolo? | Praias


Este domingo, o litoral português presenciou um fenómeno raro: uma nuvem densa e similar a um gigantesco rolo formou-se sobre o mar. Este rolo gigante que sobrevoou as praias portuguesas é uma “nuvem-rolo”. Nada mais é do que uma consequência da diferença de temperaturas.

Nas praias da Figueira da Foz, Ovar, Vila do Conde ou Póvoa de Varzim, como partilhou a página do Facebook “Meteo Trás-os-Montes”, mas também em muitos outros pontos do país, os banhistas foram surpreendidos por este fenómeno atmosférico, similar a uma onda gigante que sobrevoa o mar. O fenómeno é raro, mas facilmente explicável pela diferença de temperatura sentida entre a superfície terrestre e o mar.

Este tipo de nuvens apresenta um formato longo e tubular, flutuando na horizontal, como se estivessem, em certa medida, a “rolar” sobre o mar – daí que sejam apelidadas de “nuvem-rolo”. Não há muitos casos de aparição deste tipo de nuvens, sobretudo em Portugal. No entanto, quando as massas de ar quente e as massas de ar frio chocam podem formar um tubo e originar este tipo de fenómenos atmosféricos que espantam a população.



“É um fenómeno bastante raro”, explica Maria José Roxo, investigadora em geografia da Universidade Nova de Lisboa. “Resultam de trocas de ar húmido com características térmicas e pressão muito diferentes e estas trocas são bruscas. As áreas costeiras planas favorecem a génese destes fenómenos e não têm consequências graves, ou seja os seus efeitos não são catastróficos. Resultam, no fundo, de uma mudança atmosférica rápida.”

Quando se aproxima uma tempestade, por exemplo, ou outro fenómeno que arraste uma massa de ar frio, esta vai-se defrontar com uma massa de ar quente – como aconteceu este domingo. Ao chocarem, o ar quente sobe, arrefece e torna-se uma nuvem. Ora, se o vento soprar numa direcção à superfície e a outra mais acima no céu, provoca este fenómeno de “enrolar” a nuvem, tornando-a num tubo.

A professora do Departamento de Geografia e Planeamento Regional não se recorda de outro caso como este, com nuvens-rolo. “Dá uma sensação de ameaça, pelo formato e pelo movimento de rotação, mas não origina chuvas intensas”, assegura.

Embora pareça quase como uma onda gigante ou o início de um tsunami, este fenómeno raro não provoca quaisquer problemas, nem é perigosa. Este domingo, alguns relatos partilhados pela página “Meteo Trás-os-Montes” apontavam para os ventos fortes em alguns areais, mas tal será fruto da aproximação da frente fria.

Segundo o IPMA, as nuvens rolo são “relativamente raras” e só foram inseridas no atlas das nuvens da Organização Meteorológica Mundial na última revisão, em 2017.

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