“Os enfermeiros são mais que minha mãe. Muito carinho me dão”


“É muito importante, porque as deslocações eram muito difíceis. E para nós foi uma mais valia, porque, se não fosse isso, elas teriam de ir para uma instituição, e não é o mesmo que estar em casa, porque eu já trabalhei num lar e tenho a perfeita noção, que é muito diferente”, começa por destacar Ana, em concordância com a irmã Conceição.

“Estamos aqui todos em família. Quando falamos se querem ir para um lar, elas não querem, tanto ela, como a minha mãe dizem que não”, revela, assumindo “nunca ter imaginado que houvesse assim este apoio das senhoras enfermeiras, porque têm tido um acompanhamento espetacular, todos muito carinhosos”.

A tia foi sempre “uma segunda mãe” e Conceição Dunhão recorda que a progenitora sempre lhe deixou um pedido: “Se um dia me acontecer algo, tomem conta da tia”.

“Enfermeiras milagrosas”

A receber o carinho de casa e das enfermeiras, as duas irmãs Maria da Conceição, 93 anos e Helena, 85 anos, acreditam estar diante de um truque de magia.

“Têm sido realmente extraordinárias, milagrosas. Muito simpáticas. A gente já não tem de ir a Seia, tem quem venha curar. Encorajam-nos, dão-nos ânimo para continuar, têm sido extraordinárias, incansáveis”, sorri Conceição.

“Ajudam-nos muito a melhorar, parece que a gente fica melhor de um dia para o outro, é um pozinho, uma magia que nos deixa logo boas de um dia para o outro. São umas simpatias”, enaltecem em uníssono. Maria da Conceição remata: “o que eu era e o que eu sou”.

Maria da Conceição vivia em Lisboa, solteira, sem filhos, mas sempre com ligação afetiva às sobrinhas e, no dia em que teve necessidade de ajuda, regressou ao interior para junto da irmã, “apresentando as duas, sinais de demência”, mas que “não apagam a ligação como irmãs”, salienta Isabel Cruz, enfermeira há 24 anos.

“É bom ver que ainda existem essas relações de família, de união, de interajuda, de proximidade, de preocupação com o outro”, conclui.

O bolo negro, a receita que Maria da Conceição passou à filha e à sobrinha que hoje com ela vivem é partilhada com as enfermeiras. Em cima da mesa já servido e o aroma a canela a espalhar-se pela casa, partilhado com as enfermeiras, que à despedida prometem mais uma visita: “ainda voltamos antes do Natal”.

Capacidade para 20 utentes sem esquecer as respetivas famílias

Sempre que alguém precisa de tratamentos de saúde, sai a carrinha da Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) de Seia.

“Então vamos à D. Rosa Pedro, que é aqui mais perto, já deve estar acordada e que tem a filha como cuidadora”, descreve a enfermeira Eugénia Pereira, 47 anos, coordenadora da Unidade de Cuidados na Comunidade de Seia desde 2011, ano da sua abertura.

De momento, a equipa é composta por cinco enfermeiros e enfermeiras, e disponibiliza ainda serviços de nutrição, assistência social, psicologia e fisioterapia.



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