Centenas de trabalhadores imigrantes manifestaram-se esta quarta-feira (23) em frente à Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), no Porto, exigindo a regularização imediata da sua situação documental. Com palavras de ordem como “Documentos para todos” e “Regularização já”, os manifestantes denunciaram entraves burocráticos que os mantêm em situação de vulnerabilidade.
Muitos dos presentes vivem e trabalham em Portugal há vários anos, mas continuam sem acesso ao título de residência. A falta de documentação impede-os de sair do país — sob risco de não conseguirem regressar —, dificulta o reagrupamento familiar e limita o acesso a serviços como o Serviço Nacional de Saúde, apesar das contribuições fiscais que realizam.
A manifestação foi organizada pela associação Solidariedade Imigrante, que tem vindo a alertar para os atrasos prolongados na emissão de autorizações de residência. “Somos imigrantes, não somos criminosos”, gritaram os manifestantes junto à sede da AIMA no Porto. A ação segue-se a um protesto semelhante realizado em Lisboa, no dia 7 de abril, que reuniu cerca de mil participantes.
Entre as principais queixas dos trabalhadores está o indeferimento de processos com base em registros no Sistema de Informação de Schengen (SIS), mesmo em casos de alegadas irregularidades sem fundamento legal. Há relatos de cidadãos afetados que nunca passaram por outros países do espaço Schengen.
A deputada do Bloco de Esquerda pelo círculo do Porto, Marisa Matias, marcou presença no protesto e criticou o tratamento dado aos imigrantes. “São as pessoas que servem a comida, que produzem, entregam e cuidam. Fazem a economia funcionar e estão há anos à espera de uma resposta”, afirmou. Para a dirigente, a situação é “injusta” e contradiz o contributo fiscal dos trabalhadores imigrantes.
Apesar do caráter pacífico da manifestação, elementos ligados a grupos de extrema-direita infiltraram-se na concentração e tentaram provocar confrontos. A Polícia de Segurança Pública interveio rapidamente, afastando quatro pessoas do local.