Uma sondagem da Universidade Católica Portuguesa para a RTP feita em Portugal, Angola e Cabo Verde, mostra que a independência é vista de forma positiva pelos três países. Contudo, a diferença entre os inquiridos angolanos e cabo-verdianos, quando questionados se o processo da descolonização foi bom ou mau, é significativa, sobretudo se comparada com os portugueses.
Enquanto em Portugal apenas 36% dos inquiridos considera que a descolonização foi “boa” ou “muito boa”, 76% da população angolana inquirida respondeu desta forma. No caso de Cabo Verde, foram 88% que responderam afirmativamente.
32% da população portuguesa inquirida considera que esta não foi “boa nem má”, enquanto 26% considera que foi “má”. Em Angola, apenas 11% tem uma visão negativa enquanto 16% afirmam que esta foi “nem boa nem má”. Em Cabo Verde, apenas 4% olham de forma negativa para o processo.
A sondagem, divulgada numa altura em que se assinalam os 50 anos da independência das ex-colónias africanas, revela um consenso quanto à decisão de Portugal em reconhecer essa independência: 86% dos portugueses, 81% dos angolanos e 91% dos cabo-verdianos consideram que foi a decisão correcta.
Ainda assim, a maior parte dos portugueses acredita que o processo de descolonização não decorreu da melhor forma. Para 79% houve falhas, enquanto apenas 13% consideram que tudo correu bem. Quanto à atribuição de responsabilidades, 38% apontam o regime anterior ao 25 de Abril e 20% culpam os negociadores da época.
Quando questionados sobre o que fariam hoje perante o processo de independência, a esmagadora maioria dos inquiridos em Angola (80%) e em Cabo Verde (81%) afirma que teria apoiado os movimentos de libertação.
No caso dos inquiridos cabo-verdianos, foi ainda perguntado se estes preferiam a permanência como território autónomo sob administração portuguesa: 84% considera que a independência foi a melhor solução para Cabo Verde.
Outra componente analisada nesta sondagem foi a forma como os três países percepcionam a independência e o pós-descolonização na dimensão cultural, política e económica. Em Portugal, a maioria vê efeitos positivos nos domínios político e cultural (ambos com 54%), mas o impacto económico divide opiniões: 46% consideram-no negativo, enquanto 44% vêem-no de forma positiva.
Em Angola, o aspecto cultural é o mais valorizado (64%), seguido do económico (56%). Politicamente, a opinião está dividida entre os que vêem melhorias e os que apontam retrocessos (45% em ambos).
Já em Cabo Verde, predomina uma percepção positiva em todas as áreas: 87% destacam avanços culturais, 63% económicos e 61% políticos.