O gasóleo já aumentou?
Ainda não aconteceu grande coisa – a Rússia não entrou na guerra, o estreito de Ormuz não fechou, o Irão não atacou bases americanas – e o gasóleo já aumentou? O gasóleo que temos à venda foi produzido com petróleo comprado há bem mais de um mês, a preços bem mais baixos! Entre produzir um barril de petróleo bruto no Irão e a gasolina correspondente a esse barril aparecer à venda numa bomba de gasolina perto de si, provavelmente passa um mês e meio ou mais! Se assim é, porque é que há aumentos imediatos quando há um “zunzum” de que o petróleo vai subir? O que está a acontecer é toda a cadeia de produção e distribuição a aproveitar-se para obter lucros extraordinários, para o combustível que já tinha em stock ou com produção já em curso. A ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos faz o quê? Quem nos defende? Se, no próximo mês, se falar de que o preço do petróleo na origem vai descer, tomem nota de quanto tempo vai levar desde essa notícia até que notemos algum alívio na carteira; garanto-vos que não vai ser imediato. Isto não pode ser assim!
P.S.: Acontece a mesma coisa no sector financeiro quando ocorrem aumentos de taxas de juro de mercado – nos empréstimos que a banca concede, o aumento é imediato; nas taxas de juro que pagam aos depositantes, os aumentos são muito, muito lentos… Conclui-se que a cartilha é a mesma, mas aqui quem tinha que intervir não era a ERSE, era o Banco de Portugal.
Fernando Vieira, Lisboa
O direito de viver em paz
Em 1971, Victor Jara escreveu El derecho de vivir en paz, contra a intervenção americana no Vietname. Da Guerra Fria até agora, há mudanças significativas. Que artista dedicaria à ditadura dos ayatollahs o “fuego de puro amor” como o bardo chileno a Ho Chi Minh? Quem hoje poderia interpelar o “Líder Supremo” Khamenei com o carinho de um “tío Ali” ou ansiar pelo triunfo da revolução iraniana?
As tiranias resultantes da desestabilização sistemática do mundo não ocidental pelos interesses norte-americanos não podem inspirar a mesma esperança e simpatia dos nossos poetas progressistas como os revolucionários socialistas de há cinquenta anos. Aí reside talvez uma grande vitória para o regime norte-americano.
Victor Jara, apoiante esperançoso do Governo de Allende, morreria dois anos depois, no seguimento do golpe de Estado de Pinochet. Foi detido a 11 de Setembro e morto a tiro a 16. Foi torturado pelos soldados traidores, as suas mãos barbaramente esmagadas para que não mais voltasse a tocar pelo direito de viver em paz.
Miguel Luís, Abrantes
O pacificador
O homem que prometeu acabar com a guerra na Ucrânia “em 24 horas” decidiu tomar as dores de Israel e atacar três instalações nucleares do Irão. Donald Trump, o Presidente que retornou à Casa Branca em Janeiro com promessas de paz mundial, colocou o Médio Oriente a ferro e fogo, ao mesmo nível da sua insanidade em transformar Gaza num destino turístico mediterrânico. Para tão brilhante “pacificador”, só falta meter-se nos conflitos africanos e na antiga Birmânia, bombardear o “amigo” da Coreia do Norte, disputar Caxemira e continuar a escalar as tarifas aduaneiras com a China rumo à Terceira Guerra Mundial.
Emanuel Caetano, Ermesinde
Falemos verdade, por favor
O crime de Putin ao invadir a Ucrânia é igual ao crime de Netanyahu ao destruir sistematicamente a Faixa de Gaza e ao crime de Trump ao atacar o Irão sem cumprir a Constituição dos EUA. Temos de ser verdadeiros e intelectualmente honestos e condenar o que é igual de forma igual. Não pode valer tudo. Os israelitas queixam-se de que o Irão ataca alvos civis em Israel, o que poderá, até, ser verdade. Pergunto, todavia e lamentavelmente: mas não é isso que Israel tem feito constantemente na Faixa de Gaza? Eu condeno todos por igual. Será que a paz mo mundo está nas mãos de possíveis criminosos que, acima de tudo, só pensam neles próprios?
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
Culpados da guerra
Temos assistido nos últimos tempos a um aumento de conflitos, em que a voz dos homens é calada pelo estrondo das armas (…), cujos efeitos destruidores não poupam a vida de inocentes, num mundo onde a paz faz parte dos discursos, mas parece ser cada vez mais uma miragem. (…) A verdade é que, face ao egoísmo dos homens, ninguém pode estar a salvo da ganância dos beligerantes que não se poupam a esforços para mostrar quem é o mais forte, alimentando a indústria belicista e esquecendo-se das consequências que se vão reflectir na vida daqueles que não têm culpa.
Américo Lourenço, Sines