Desde 20 de Junho de 2025, todos os smartphones e tablets vendidos na União Europeia têm de exibir uma nova etiqueta energética. Esta medida insere-se num conjunto de regulamentos europeus que introduzem requisitos de concepção ecológica e rotulagem energética para dispositivos móveis, com o objectivo de os tornar mais sustentáveis.
O que muda?
À semelhança do que já sucede com electrodomésticos, a nova etiqueta energética visa informar os consumidores sobre a eficiência energética dos equipamentos, mas vai mais longe: inclui indicadores sobre a durabilidade da bateria, a facilidade de reparação e capacidade de actualização do sistema operativo. Estas novas regras aplicam-se a todo o tipo telemóveis, telefones sem fios e tablets (de 7 a 17,4 polegadas). Ficam de fora os equipamentos com ecrãs principais flexíveis (enroláveis), tablets com teclado físico integrado e os telemóveis concebidos para comunicações de alta segurança.
Um dos objectivos centrais da nova regulamentação europeia é prolongar o tempo de vida dos dispositivos. Ao tornar obrigatórios critérios como a reparabilidade, a disponibilidade de peças sobresselentes e a substituição da bateria, a União Europeia pretende permitir que os utilizadores mantenham os seus aparelhos por mais tempo.
Segundo a informação divulgada pela UE, a expectativa é que, por exemplo, a vida útil média de um smartphone de gama média passe de 3,0 para 4,1 anos.
Compreender a etiqueta
1 – Classes de eficiência energética
Como já acontecia com os electrodomésticos. Os consumos estão divididos em sete classes, de A a G, sendo A a melhor classificação.
2 – Classe de eficiência energética do produto
3 – Autonomia total da bateria (por carga)
4 – Classe de fiabilidade após quedas repetidas
Indica a resistência ao impacto do aparelho, com base num teste padronizado de quedas repetidas, sendo A o mais robusto.
5 – Longevidade da bateria
Número de ciclos completos de cargas/descargas que a bateria suporta antes de perder uma parte significativa da capacidade (autonomia) inicial
6 – Classe de reparabilidade
Previsão da facilidade de reparação do aparelho, onde em A estão os mais reparáveis e em E os aparelhos mais difíceis de reparar.
7 – Certificação IP (Ingress Protection)
A classificação IP é uma norma muito utilizada para definir os níveis de protecção contra de pó e humidade nos aparelhos. Por exemplo, um smartphone com uma classificação IP68, uma das mais usadas, é estanque ao pó e pode ser submerso em água a uma profundidade de um metro durante algum tempo.
Fortes críticas da Apple
Quando este artigo foi publicado, o Registo Europeu de Produtos para a Etiquetagem Energética apresentava classificações para mais de 600 dispositivos. Incluindo, naturalmente, dispositivos da Apple, os iPhone e iPad, que estão longe de conseguir bons resultados. Sobretudo os iPad, já que a maioria dos tablets da Apple tem a pior classificação possível na eficiência energética (Classe G). Mais, nos 145 aparelhos com classe energética A, não encontrámos um único iPhone ou iPad.
A Apple já reagiu a estas classificações, criticando a metodologia de testes seguida. A marca gerida por Tim Cook garante que baixou voluntariamente a classificação do seu próprio iPhone 16 Pro, afirmando que as regras europeias são tão vagas que não merecem confiança. A Apple garante ter obtido resultados que lhe dariam uma nota superior, tanto em eficiência energética como em resistência a quedas. Contudo, num gesto de manifesto protesto, a empresa optou por penalizar-se, para, segundo ela, compensar as “ambiguidades” e a falta de rigor das normas impostas por Bruxelas.
A etiqueta energética do iPad 11 M4 está longe de impressionar
Sobre isto, é importante referir que são os próprios fabricantes que conduzem os testes e atribuem as classificações, com a UE a realizar apenas fiscalizações pontuais. A Apple argumenta que este sistema, assente em especificações pouco claras, abre a porta a um cenário de concorrência desleal, onde cada empresa interpreta as regras como lhe convém.