Director do serviço de dermatologia do Hospital de Santa Maria demite-se | Saúde


O director do serviço de dermatologia do Hospital de Santa Maria demitiu-se, avançou a CNN Portugal e confirmou o PÚBLICO junto de fonte do hospital. O médico foi chamado para uma reunião na segunda-feira à tarde com o Conselho de Administração, na qual colocou o lugar à disposição e foi aceite pelo presidente da Unidade Local de Saúde Santa Maria, Carlos Martins.

Na reunião, que se realizou durante a tarde, o até agora responsável pelo serviço de dermatologia “foi confrontado com informação preliminar” de um dos inquéritos internos que está a decorrer, depois uma investigação televisiva ter noticiado que um dermatologista recebeu mais de 50 mil euros num só sábado com a realização de cirurgias em produção adicional.

Na sequência dos resultados dessa auditoria, “o director do serviço colocou o lugar à disposição e foi aceite”, confirmou fonte hospitalar ao PÚBLICO. Segundo a TVI/CNN Portugal, o relatório da auditoria extraordinária à produção adicional da dermatologia, realizado pela ULS, concluiu que existirão várias irregularidades graves.

Quando foi conhecido o caso do dermatologista que ganhou mais de 50 mil euros num sábado – e cerca de 400 mil em dez sábados de trabalho em 2024 -, o presidente do conselho de administração pediu a intervenção da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) e determinou a abertura de uma auditoria extraordinária e a realização de quatro auditorias clínicas para apurar se os doentes “foram todos referenciados”, “se não havia capacidade cirúrgica durante a semana”, “quais os tempos de espera previstos para esses doentes” e se os códigos aplicados [a cada uma das cirurgias realizadas] estavam correctos, como explicou então Carlos Martins.

Já no ano passado, a administração tinha determinado a abertura de uma auditoria clínica à área da codificação e uma auditoria de gestão feita pela Unidade Local de Gestão de Acesso, que incidiu na actividade da dermatologia, que não detectaram irregularidades.

Segundo a mesma fonte hospitalar, ainda esta terça-feira deverá “ser formalizada a escolha de uma direcção interina” para o serviço de dermatologia, que continua com a produção adicional suspensa desde que o primeiro caso foi conhecido.

Na passada sexta-feira, o canal televisivo noticiou também o caso de uma dermatologista do Hospital de Santa Maria, que teve registada em seu nome a realização de cirurgias enquanto se encontrava em Itália e que as operações terão sido feitas por médicos internos.

Fonte da ULS disse ao PÚBLICO que o presidente do conselho de administração foi informado pela equipa de investigação da TVI a 20 de Maio que haveria desconformidades com cirurgias feitas pela dermatologista. E que “no dia seguinte foi chamado o director de serviço de Dermatologia, tendo o registo das cirurgias sido rectificado”, uma vez que as mesmas tinham sido realizadas por outra equipa.

Em causa está o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que permite fazer cirurgias fora do horário laboral com o objectivo de reduzir as listas de espera. O Governo já está a trabalhar num novo sistema que irá substituir o actual e que começará a ser testado em Setembro.

A IGAS abriu a 26 de Maio uma acção inspectiva à verificação do cumprimento das regras relativas à actividade cirúrgica realizada em produção adicional no Serviço Nacional de Saúde. Questionada pelo PÚBLICO, informou que “numa primeira fase, a auditoria irá abranger um conjunto de dez unidades locais de saúde e institutos portugueses de oncologia, que serão seleccionadas, nomeadamente, através dos indicadores da actividade cirúrgica realizada em produção adicional face à actividade normal, encontrando-se a IGAS a proceder à recolha de informação junto de todas as entidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde”.



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