Diversidade dá o tom de exposição que aproxima artesanatos de Brasil e Portugal | Cultura


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A exposição coletiva O DOM da Artesania, com 14 artistas brasileiros e 10 portugueses, elegeu a diversidade como tema principal, um contraponto à onda anti-imigração que vem crescendo em Portugal. A mostra, que está na sua quarta edição e vai até 6 de julho, na galeria Arte da Graça, em Lisboa, tem entrada gratuita e curadoria do artista visual Cocco Barçante. Trata-se de uma iniciativa do Museu do Artesanato do Rio de Janeiro, em parceria com a Junta de Freguesia de São Vicente.

A ideia é aproximar a cultura dos dois países, promovendo “a reflexão sobre diversidade e a valorização do artesanato que une nações”. Segundo Barçante, estão na exposição temas como os territórios afetivos, o elétrico de Lisboa, a liberdade, a democracia (relativa aos 50 anos do 25 de Abril) e a criatividade, que, desta vez, foca nos santos populares.

“Optamos por incluir na mostra o que retrata, valoriza e une os territórios e os talentos dos artesãos de Brasil e Portugal, países com fortes ligações históricas”, afirma o curador. Artesãos e artesãs brasileiros, segundo ele, se “inspiram na tradição e na beleza do artesanato português, enquanto artistas portugueses buscam inspiração na diversidade e na beleza de obras dos artistas do Brasil”.

Para o coordenador da galeria, Rui Lagartino, a exposição é um novo capítulo da integração entre artistas portugueses e brasileiros por meio do artesanato. “Já foram tecidas relações, qual um tapete, entre o artesanato criativo do Brasil e o de Portugal”, frisa. Pintura, crochê, colagem, bordados são algumas das técnicas apresentadas na exposição.



Arte interativa: a paulistana Gideone de Campos Silva deixou a sua marca na exposição
Carlos Vasconcelos

Obras interativas

A galeria recebe visitantes de todas as partes do mundo, mas, especialmente, brasileiros e portugueses. No local, as pessoas são convidadas a pintar as obras que ainda estão parcialmente produzidas, adicionando sua percepção de cores e temáticas às peças. A ceramista Gideone de Campos Silva, de São Paulo, conta que interagir com a exposição é muito interessante.

“Tudo me surpreendeu na mostra, e vou visitá-la mais vezes”, avisa Gideone. Também participantes das atividades interativas, a brasileira Ângela Ramos, que coloriu cenas portuguesas, e a portuguesa Maria Ferreira, que pintou as comunidades cariocas do Rio de Janeiro, dizem que se sentiram verdadeiras artistas.

Entre os brasileiros com obras na exposição estão o artista plástico Camilo Moreira, de Petrópolis, Rio de Janeiro, que produziu um quadro com elementos de lixo tecnológico representando a Praça do Comércio, em Lisboa, unindo representações das comunidades cariocas, e Juan Pablo, de Bangu, subúrbio do Rio, que fez uma releitura da praia de Ipanema, com mistura de materiais, inclusive, fios de cobre.

Também estão na mostra Maria Onília, de Barra do Piraí, estado do Rio, com abordagem sobre a Mata Atlântica, e Miriam Freitas, de Madureira, subúrbio carioca, com uma representação do Cristo Rei, em Almada, com o Cristo Redentor.

Entre os portugueses, destacam-se os artistas Sara Ribeiro, de Lisboa; Nélia Farto, com as redes de pesca de Peniche; Joaquim Pinto, de Barcelos, que se inspirou em Dona Isabel, do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, com as moringas em formato de mulher; e a ceramista Júlia Cota, também de Barcelos.

Dignidade e ousadia

A ideia da exposição nasceu a partir da Coleção DOM/2007, primeira ação do designer social Cocco Barçante nas favelas do Rio de Janeiro por intermédio de uma instituição governamental de apoio ao empreendedorismo cultural no Brasil. Foi aí que surgiu o DOM, sigla criada pela gestora de projetos Marcia Manhães, em que o D significa dignidade, o O representa a ousadia e o M quer dizer maestria em produzir obras com técnicas diversas.

Barçante buscou, ainda, inspiração para a elaboração da exposição Dom de Santo Antônio, no mês das Festas dos Santos Populares, com destaque especial para Santo Antônio, que foi celebrado em 13 de junho.



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