Não há duas sem três! Na sequência das manifestações de 18 de setembro e 2 de outubro, três sindicatos voltam a apelar aos trabalhadores de todos os setores, aos desempregados e aos reformados para que saiam à rua para pressionar o governo de Sébastien Lecornu, cujo orçamento para 2026 ainda está a ser analisado pela Assembleia Nacional.
Entre as suas principais reivindicações contam-se o aumento dos salários, a justiça social e fiscal dirigida não só aos mais ricos e aos rendimentos mais elevados, mas também aos mais vulneráveis. Por último, os sindicatos exigem meios para os serviços públicos, nomeadamente os hospitais.
Espera-se que o movimento assuma a forma de múltiplas manifestações, desde as grandes cidades até às cidades de média dimensão e, talvez, algumas zonas rurais.
O que esperar em todo o país?
Transportes e educação na linha da frente
Para além das redes ferroviárias, SNCF, onde se prevêem algumas supressões de comboios TGV, Intercités e TER- a SNCF deverá publicar esta noite uma atualização sobre os comboios que circularão a partir desta noite e durante todo o dia 2 – e das redes urbanas em quase todo o território francês, a greve intersectorial poderá afetar outros sectores-chave da mobilidade, como os aeroportos.
Foi dado um pré-aviso e é possível que haja atrasos ou cancelamentos de voos. Algumas companhias aéreas pediram aos passageiros para verificarem se os seus voos não serão cancelados antes de chegarem aos aeroportos.
Poderão registar-se perturbações nos voos da Air France, principalmente nos de curta e média distância, bem como nos serviços de check-in e de bagagem.
Nas escolas, um dos principais sindicatos da FSU, o SNUiPP, publicou um comunicado de imprensa no seu sítio web que explica as razões da greve.
A sua principal reivindicação prende-se com as reduções maciças de lugares de professor previstas no orçamento para 2026. Segundo os sindicatos, o número de lugares afectados ascende a 4.000 nas escolas primárias e secundárias, em todas as disciplinas.
As aulas poderão ser canceladas e os internatos encerrados nos liceus. Nas escolas primárias, os pais já tinham sido informados pelas escolas das consequências da greve no final da semana passada.
Outros setores afetados são os serviços públicos, como as repartições de finanças, a France Travail, as câmaras municipais e as prefeituras (freguesias), que funcionarão a um ritmo mais lento.
Nos hospitais, os procedimentos não urgentes — consultas, exames ou operações programadas — serão os mais afetados, o que levará a adiamentos ou cancelamentos.
As urgências e os cuidados essenciais funcionarão normalmente, conforme necessário para a continuidade dos cuidados.
Os locais das manifestações
No dia 18 de setembro, mais de um milhão de pessoas foram contabilizadas pela CGT e mais de 282.000 pelo Ministério do Interior (excluindo Paris).
De acordo com os dados do Ministério do Interior e da CGT, entre 195 000 e 600 000 pessoas acorreram às manifestações de 2 de outubro de 2025, tendo sido organizados mais de 200 desfiles em todo o país.
Em Paris, na terça-feira, estão previstas duas manifestações. Uma na Place de la Bourse, às 14 horas, e outra na Place de l’Opéra, às 16 horas. Em Lyon, o ponto de encontroé a Place des Cordeliers, às 11 horas.
Em Marselha, haverá uma manifestação no centro da cidade a meio da manhã, bem como em Nantes, junto à prefeitura, em Montpellier, em frente à Caisse Primaire d’Assurance Maladie, e em Bordéus, em frente à Reitoria, ao meio-dia.
Outras manifestações e comícios terão lugar em Estrasburgo, Lille, Rennes, Toulon, Reims, Saint-Étienne, Le Havre, Toulouse, Nice, entre outros.
Embora o apelo à greve de terça-feira tenha sido lançado por um pequeno grupo intersindical, os organizadores esperam igualar a primeira grande manifestação e, na pior das hipóteses, ultrapassar a segunda. Trata-se de uma forma de influenciar as decisões finais sobre a próxima lei de finanças, cujo resultado ainda é muito incerto, apesar dos prazos legais para a sua adoção.