O iraniano maho venceu a primeira edição do novo prémio Luís Ferreira Alves para fotografia de arquitectura, com fotografias da cidade de Pardis, anunciou este sábado a organização, que atribuiu uma menção especial à também iraniana Sana Ahmadizadeh.
Com o título Frequent Whites (Brancos Frequentes), maho, de 39 anos, fotografou em 2024 “o ritmo austero dos blocos de apartamentos brancos de Pardis, uma cidade satélite nascida relutantemente do transbordar da densa respiração de Teerão” que está “situada no sopé das montanhas de Alborz”, sendo “simultaneamente um limiar geográfico e psicológico”.
“Não é uma cidade nem um subúrbio, nem uma promessa nem um exílio”, sendo os edifícios estruturas “construídas para albergar as migrações forçadas da população em expansão de Teerão”, cuja arquitectura nasceu “não da ambição mas da necessidade”.
No entanto, “na sua repetição, no seu pálido anonimato, emerge algo de poético”, refere o autor na descrição do projecto, tendo fotografado as estruturas “ao longo das quatro estações – sob céus carregados de neve, através da névoa dourada do Outono, no meio do calor e do verde do Verão e no vibrante renascimento da Primavera”.
Maho venceu o primeiro prémio no valor de 10 mil euros, e o segundo prémio, no valor de 4 mil euros, foi atribuído ao francês Cyrille Weiner, com Oui avec plaisir (Sim, com prazer), fruto da sua colaboração “com o arquitecto Patrick Bouchain”, que “assenta numa sensibilidade comum à presença humana e aos espaços nómadas e efémeros”.
“Embora Weiner resista ao rótulo de “fotógrafo de arquitectura”, a sua colaboração de longa data com Bouchain conduziu a um profundo envolvimento com o ambiente construído – um envolvimento que privilegia a atmosfera sobre a forma e as narrativas sobre as estruturas”, de acordo com a descrição do projecto.
A colaboração remonta a 2005 “quando a villa Noailles convidou Weiner a fotografar uma série de espaços de actuação de Bouchain, incluindo o Théâtre Zingaro em Aubervilliers, o Grange au Lac em Évian e a academia de circo Fratellini em Saint-Denis”.
Já o terceiro prémio, no valor de 1.500 euros na forma de um voucher fotográfico, foi arrecadado pelo espanhol Sergio Belinchón, baseado em Berlim e autor do Provisional Atlas of Berlin (Atlas Provisório de Berlim).
Este trabalho “é o resultado de um trabalho exaustivo realizado ao longo de quatro anos, com saídas diárias, percorrendo a cidade uma e outra vez”, “um projecto sobre a situação actual de Berlim, sobre as rápidas mudanças que ocorreram na sua identidade, sobre vários factores que estão a transformar a cidade: o turismo, a gentrificação, o aumento dos preços da habitação”.
Uma das fotografias do segundo classificado, Cyrille Weiner
Cyrille Weiner
Uma menção especial foi atribuída à também iraniana Sana Ahmadizadeh, com The Hidden Land (A Terra Escondida), que retrata “uma planície cujas colinas e vastos campos de cana-de-açúcar são o local de sepultamento dos restos de uma grande colecção de civilização e segredos elamitas”, na “parte mais fértil da planície de Khuzestan, na distância entre os rios Dez e Karkheh”, que foi nivelada durante o plano da Haft Tappeh Sugarcane Agro-Industry Co.”.
Já outra menção especial foi atribuída à britânica Amelia Lancaster, com Abstractions: Studies of the National Theatre (Abstrações: Estudos sobre o Teatro Nacional), em que procurou “geometrias nas fachadas que são reveladas à medida que a luz se move em torno dos diferentes planos angulares de betão”.
O concurso internacional de fotografia Um Olhar Contemporâneo sobre a Arquitectura, destinado a homenagear o fotógrafo Luís Ferreira Alves (1938-2022), teve este ano a primeira edição, o júri foi composto pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura e pelos fotógrafos Paulo Catrica e Hélène Binet.
O prémio integra, através de um protocolo, os herdeiros de Luís Ferreira Alves e os promotores do concurso, nomeadamente a Câmara Municipal do Porto, a Casa da Arquitetura e a Cityscopio-Associação Cultural, contando com várias entidades parceiras.