Kim Jon-un inaugura “estância turística de nível mundial” na Coreia do Norte | Coreia do Norte


Kim Jong-un, Líder Supremo da República Popular Democrática da Coreia (Coreia do Norte), inaugurou na terça-feira uma nova estância turística em Wonsan, na costa oriental do país, que o regime diz ter capacidade para receber 20 mil pessoas e que espera que se torne um local com reputação de “nível mundial” no sector, revelou esta quinta-feira a agência noticiosa estatal KCNA.

Segundo a KCNA, que divulgou fotografias de Kim, acompanhado pela filha (Ju-ae) e pela mulher (Ri Sol-ju), na praia, num parque aquático ou num hotel da nova “área turística costeira Wonsan Kalma”, as instalações do resort, que inclui uma praia com “quatro quilómetros”, estão “totalmente equipadas com todas as condições para uma vida cultural” e foram concebidas para “proporcionar a beleza do local cénico” aos seus visitantes, durante “todas as estações do ano”.

Se a busca norte-coreana por fontes económicas alternativas se compreende, tendo em conta as limitações que resultam das sanções impostas pelas Nações Unidas desde 2006, por causa do desenvolvimento do seu programa nuclear, o facto de a Coreia do Norte não ser um país aberto ao turismo internacional e de ainda nem sequer ter levantado todas as restrições de 2020 no âmbito da contenção da covid-19, levanta dúvidas sobre quais vão ser os próximos passos depois da inauguração.



Kim Jong-un numa praia da nova estância turística
KCNA / EPA

A KCNA explicou que a estância vai abrir ao público no dia 1 de Julho, mas não fez referência a turistas estrangeiros; o que pressupõe que a primeira aposta seja no turismo interno ou num modelo semelhante ao que impera na capital, Pyongyang, que recebe grupos reduzidos de turistas internacionais, altamente controlados, em todos os seus movimentos e durante toda a estadia, pelas autoridades norte-coreanas.

A agência estatal revelou, ainda assim, que o embaixador da Rússia e outros membros da representação diplomática do país de Vladimir Putin na Coreia do Norte estiveram presentes nas cerimónias de inauguração da zona turística de Wonsan Kalma, como “convidados especiais”, o que leva a crer que pode haver uma aposta em atrair turistas russos para o novo resort.

Citado pela Yonhap, agência noticiosa da Coreia do Sul, um funcionário do Ministério da Unificação sul-coreano acredita que “o apoio que [a Coreia do Norte] recebeu em troca pela participação na guerra de Moscovo contra a Ucrânia pode tê-la ajudado a completar a construção do distrito turístico costeiro de Wonsan Kalma” e prevê que comecem a chegar “pequenos grupos” de turistas da Rússia à nova estância.

Em declarações à Associated Press, Lee Sangkeun, do think tank Institute for National Security Strategy, ligado aos serviços de informação da Coreia do Sul, também olha para a presença de diplomatas russos na inauguração como um sinal de que “a Coreia do Norte vai começar a receber turistas russos em breve”.

Lee acrescenta ainda que mesmo que “a Coreia do Norte não tenha resolvido algumas questões” relacionadas com as suas relações económicas com a China, aliado histórico do país, o facto de ter “investido tanto dinheiro no turismo” vai fazer com que necessite de “receber turistas chineses” para recuperar esse investimento.

Outra possibilidade, mais rebuscada e dependente da melhoria de relações entre as duas Coreias, está na abertura das fronteiras a turistas da Coreia do Sul.

Eleito no início do mês, o novo Presidente sul-coreano, o liberal Lee Jae-myung, do Partido Democrático (centro-esquerda), prometeu apostar no desanuviamento das tensões com a Coreia do Norte e restabelecer as linhas de comunicação entre Seul e Pyongyang.

Durante a presidência do também liberal Moon Jae-in (2017-2022), que incluiu mais do que um encontro entre este e Kim Jong-un, as potencialidades do turismo inter-coreano foram identificadas como uma ferramenta importante para a reaproximação entre os dois vizinhos, que estão tecnicamente em guerra desde 1950.



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