Marcelo pede talento em decisões sobre imigração sem prejudicar Portugal no mundo | Marcelo Rebelo de Sousa


O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu este sábado talento nas decisões políticas sobre imigração, de modo a que não aumente o medo ou a intranquilidade das comunidades, nem a presença do Portugal no mundo.

“O talento está a encontrar uma forma nesse domínio, que não aumente o medo, que não aumente a insegurança, que não seja negativa para quem tem de conduzir os destinos do país e que não esvazie um factor essencial da nossa presença no mundo”, declarou o chefe de Estado.

Falando aos jornalistas à margem da sessão comemorativa dos 40 anos da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), que hoje se assinalaram em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa observou que a imigração, além da naturalização de cidadão estrangeiros em Portugal, surge como uma prioridade para o Governo e para a oposição, embora com “perspectivas opostas” dentro de si.

“Isso significa que era inevitável o debate”, comentou o Presidente da República, bem como “pontos de vista diferentes em cada momento”, referindo-se a uma “onda que percorre o mundo”, numa alusão a medidas de controlo da imigração, que esta presente nos Estados Unidos e em alguns países europeus, e que é uma onda de tempos de crise”.

Nesse sentido, avaliou que “é fácil o apelo ao medo, à preocupação, nuns casos por causa do emprego, noutros por causa da segurança, noutros por causa apenas do envelhecimento das cidades”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se por outro lado ao “talento de compatibilizar aquilo que são as ondas de cada momento, e agora a onda é essa”, com o risco de se criar “problemas graves na comunidade que fala português, ou dúvidas, ou intolerâncias, ou outras formas que minimizam a projecção da língua e da cultura” destes povos.

“Isto é complicado”, advertiu, porque os portugueses têm “muita força”, mas há países que falam português que têm “uma força diferente e essencial no mundo”.

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que era líder da oposição quando foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em 1996, e descreveu-se como “um defensor daquilo que é o peso da língua portuguesa, da comunidade que fala português”.

Desse modo, avisou que a CPLP é “um tema fundamental porque é um dos factores estratégicos para o país” e salientou o papel de outros países da CPLP, como a dimensão do Brasil no mundo, Angola e Moçambique que se tentam afirmar regionalmente, Cabo Verde como “ponte” entre continentes e ainda Timor-Leste na região da Ásia-Pacífico.

“Portanto, nenhum destes povos pode perder isso, por causa de questões que sejam questões meramente de conjuntura”, insistiu o chefe de Estado, acrescentando que a última coisa” que poderia conceber seria que “Portugal perdesse um trunfo fundamental por uma má gestão de um dossier que é fundamental para o país a prazo”.

O Presidente da República insistiu que não se deve “olhar apenas para este momento, para amanhã”, depois de Portugal ter reforçado o seu papel na Europa ao distinguir-se por “ligações com outros povos noutros continentes que muitos países europeus, porventura a maioria, não têm”.

Referindo que várias forças políticas neste debate têm ou tiveram representantes das comunidades que falam português, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a falar em talento ao acreditar “os portugueses são muito talentosos na criação de plataformas” e na obtenção de consensos e também por isso são “importantes no mundo”, embora esta discussão ainda esteja no seu início.

“Eu não conheço os diplomas [do Governo], não conheço os projectos, sei que o debate no Parlamento já começou a ser feito, sei que há iniciativas legislativas”, referiu o chefe de Estado.

O Presidente da República foi ainda questionado pelos jornalistas sobre o relatório da Inspecção-Geral de Saúde (IGAS) ao caso de uma morte durante a greve do INEM, mas escusou-se a responder, justificando que acaba de chegar de viagem e que já pediu o documento mas ainda não o leu.



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