Na praia, no campo, à luz das estrelas: um Verão cheio de cinema ao livre | Lazer


Muita parra, bons filmes

Palmela, terra de enraizada tradição vinícola, apresenta para já outro tipo de colheita. Junho e Julho são meses de bons filmes ao ar livre, projectados na torre do Cine-Teatro S. João, para serem vistos pelos espectadores sentados no terraço do edifício.

A próxima sessão está marcada para 26 de Junho com Volveréis – Voltareis, de Jonás Trueba, seguida de Memórias de Um Caracol em stop-motion, a 16 de julho, e de Dias Perfeitos, de Wim Wenders, a 24 (ambos de 2024 e nomeados para Óscares). Começam às 21h30 e são oferta da casa — ou seja, da autarquia — mediante levantamento de bilhete.

Em terras de vinhos verdes, a harmonização com a sétima arte é para levar à letra. Cinéfilos e enófilos já sabem que Verão é sinónimo de Cinema na Vinha, ciclo que este ano sugere Uma Viagem pelos Sentidos em sessões distribuídas pela Casa do Vinho Verde Palacete Silva Monteiro e pelas vinhas de produtores da região demarcada.

Nos jardins da primeira, no Porto e com vista para o Douro, os filmes são acompanhados por provas de diferentes perfis destes vinhos e ainda por “sorvetes com sabores das castas mais emblemáticas”, informa a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, que promove a iniciativa. A saber: Alvarinho, Vinhão, Loureiro e Avesso “num formato fresco criado pelo chef António Vieira”. Os bilhetes custam 10€ e as portas abrem às 20h45.

Nas vinhas, igualmente de copo na mão, há “outras actividades de enoturismo preparadas em cada local” (jantar, sunset, provas, visitas…). Neste caso, é preciso marcar directamente com cada um dos produtores. São 18 sessões no total e estão todas elencadas ao pormenor em www.vinhoverde.pt, da abertura com Uma História Simples de David Lynch, a 20 de Junho, na Casa do Vinho Verde, até ao fecho com Siga a Banda!, de Emmanuel Courcol, a 16 de Agosto, na Quinta da Lixa (Amarante).

Cidades de tela estendida

No Porto, os filmes saem do Batalha Centro de Cinema para a praça em frente e, pelo terceiro ano consecutivo, é como se a histórica sala da Invicta se instalasse na rua. A pretexto do Verão, alinha filmes que, embora exibidos à noite, correspondem de alguma forma à ideia de “um lugar ao sol”, numa sucessão de “histórias habitadas por personagens que procuram a luz — seja a de um destino quente, uma nova identidade, um recomeço ou um propósito”, explica a organização de Oásis 3: Um Lugar ao Sol.

Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder, faz as honras inaugurais, a 10 de Julho; Um Coração Selvagem, de David Lynch, as de encerramento, a 20. Entre eles, a Praça da Batalha assiste a filmes de Peter Weir, Mira Nair, Youssef Chahine, Terrence Malick e Lynne Ramsay. Os pequenos cinéfilos não são esquecidos: há um Mini Oásis para eles, nas tardes de 3 a 5 de Julho. Todas as sessões são de entrada livre (ver batalhacentrodecinema.pt).

Já o trunfo do Ciné Society está na “experiência cinematográfica ao ar livre mais sofisticada e diferenciadora de Lisboa”. O conceito está mais que testado e aprovado. Estende-se a tela e o espectador: ao lado das ruínas do Carmo, no Carmo Rooftop, ou à beira Tejo, na Doca da Marinha, quando a noite cai é altura de afundar o corpo na lona de uma espreguiçadeira, pôr os auscultadores e gozar da envolvência.

De todos os ciclos que aqui falamos, é, de longe, o que ostenta o cartaz mais vasto, sem prejuízo da qualidade dos títulos. Da amizade on the road de Thelma & Louise à liberdade d’O Lado Selvagem, passando pelo surreal Pobres Criaturas, o clássico Casablanca, o musical La La Land: Melodia de Amor ou o dylanesco A Complete Unknown, são projectados às dezenas até 16 de Outubro. É escolher em cinesociety.pt, por 14,50€.



Ciné Society no Carmo Rooftop
DR

Noutro terraço, em pleno Parque Mayer, está o Cinecapitólio Rooftop a convidar para serões num formato semelhante, mas programados por Rui Pedro Tendinha – ele que, reza a biografia, “desde sempre respira cinema de manhã à noite” e, como cita a nota de imprensa a iniciativa, confessa que é “um prazer jubilatório poder escolher filmes clássicos, intemporais e contemporâneos” para esta “sala única” pela qual nutre “carinho e fetiche”.

Entre Anora, Lilo & Stitch (imagem real), Conclave e Um Filme Minecraft, escolhe obras para todos os gostos e gerações, por vezes com convidados de carne e osso. Está em exibição de 26 de Junho a 18 de Outubro, de quarta a sábado, às 21h30, com bilhetes a 14€ (lista completa em capitolio.pt).

O Cinalfama não tem a mesma amplitude nem a ambiciona. Compensa pela informalidade, a curadoria, o sentido comunitário e a ligação ao bairro alfacinha onde nasceu e cresceu organicamente, desde que era só o entretenimento de um grupo de cinéfilos.

Chegado à quarta edição, “aberto à experimentação, à memória e ao risco” palavra do realizador-director João Gomes , acontece de 21 a 25 de Julho, de dia no Museu do Fado e à noite nas escadinhas de São Miguel (quem quiser pode levar almofada). Tem o Brasil como país convidado, exibe filmes como o documentário Sensible Soccers: Manoel ou o terapêutico Un Projet Fou, e aposta em divulgar e premiar também bandas sonoras ou guiões. Outra vantagem: é totalmente gratuito. Mais informações em cinalfama.com.



Cinalfama
DR

Com ares de praia

Na sua essência, o Black Cat Cinema é um ciclo urbano, com o hábito de escolher “tesouros escondidos de Lisboa” para emoldurar sessões de cinema a céu aberto, onde também a música e a gastronomia contribuem para nutrir a experiência. Nesta edição, anda pela Igreja da Graça e pelo Palácio do Grilo, é certo, mas também vai à praia.

Passando a ponte, rumo à Costa de Caparica, monta o estaminé no areal em frente ao Bicho d’Água, bar da praia de São João. A partir das 19h, brinda-se ao pôr-do-sol com petiscos, pipocas, marisco, cocktails e outros sabores à mão; às 20h30, começam os filmes (o próximo é Uma Família à Beira de Um Ataque de Nervos — que alguns conhecerão melhor pelo título original, Little Miss Sunshine —​ a 28 de Junho, com bilhetes de 14,50€ a 19,99€). O cartaz no seu todo, da cidade às dunas, vai até 15 de Outubro e está alinhado em www.theblackcatcinema.com.

O 9 Graus a Oeste não está exactamente na areia, mas nem por isso a maresia deixa de lhe atingir a tela, cortesia dos ventos que sopram em Santa Cruz (Torres Vedras). Chega à 13.ª edição com a oferta de sessões ao livre para “toda a família e todos os públicos”. Têm lugar às terças-feiras, entre 29 de Julho e 29 de Agosto, pelas 21h45, primeiro no Parque Municipal (A Mais Preciosa Mercadoria, Memórias de Um Caracol e Elis) e depois no Aeródromo (O Meu Bolo Favorito e Comboio do Árctico). Se em todos estes ciclos está implícita a recomendação de manta ou agasalho, aqui convém ter a certeza de os levar.

O chão é relva e é de todos

Voltamos a Lisboa por uns momentos para dar um salto ao prado da Quinta das Conchas e dos Lilases no Lumiar, onde o Cineconchas torna a criar uma imensa sala de cinema ao ar livre (e com entrada livre) animada por nove filmes recentes — entre eles, A História de Souleymane, O Amador, Gladiador II e Buffalo Kids: Uma Aventura na América —, às 21h45, entre 26 de Junho e 12 de Julho (programa detalhado em www.cineconchas.pt).

Infalível nesta agenda de filmes gratuitos fora de portas é também o Cinema Paraíso de Vila Nova de Famalicão. O Cineclube de Joane desafia a preparar “pipocas, amigos e a família, mantas e almofadas” para assistir à 26.ª edição do ciclo que organizada em conluio com o edil e a Casa das Artes.

O epicentro é o Parque da Devesa, onde Beetlejuice Beetlejuice, de Tim Burton, dá início à função, a 2 de Julho, e onde também serão vistos Flow – À Deriva (9 de Julho), Conclave (16 de Julho), Mickey 17 (13 de Agosto) e Siga a Banda! (20 de Agosto). Mas também há exibições em itinerância pelas freguesias de Lagoa e Requião, visitadas respectivamente por Ainda Estou Aqui (13 de Julho) e Robot Selvagem (20 de Julho). Todas as sessões começam às 22h.



Cinema Paraíso, em Vila Nova de Famalicão
LUIS LOPES



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