Palcos da semana: o pimba, as irmãs e o mundo num Trengo | P2


Med cheio de coisas bonitas

O Festival Med desenha em Loulé um mapa de músicas do mundo que começa na voz de Ceuzany e termina em Coisas Bunitas para homenagear Sara Tavares. Pelo caminho, alimenta a experiência com artes de rua, artesanato, cinema, gastronomia, exposições e um foco especial em Cabo Verde, país convidado da 21.ª edição, sob a bandeira do cinquentenário da sua independência.

É de lá que vêm Ferro Gaita, Cesária Évora Orchestra e Dino D’Santiago & Os Tubarões. Alinham no cartaz com habitantes de outras latitudes como os japoneses Mitsune, os jamaicanos The Congos & The Gladiators, o maliano Vieux Farka Touré, o angolano Paulo Flores ou, vinda de Trindade e Tobago, Queen Omega. Em casa jogam Ana Lua Caiano, Pedro Jóia, Virgem Suta, A Garota Não, Valter Lobo e Salvador Sobral com Sílvia Pérez Cruz, entre muitos outros.

E pimba, venham mais 12

Ainda a fazer-se ouvir com Ruído na RTP, Bruno Nogueira volta a pedir que Deixem o Pimba em Paz. Retorna ao saudoso espectáculo de música e humor com um concerto por cada ano que passou desde a sua criação (uma dúzia), cada um com seu convidado-surpresa.

Alinhada a maratona, é só entrar no tom de Nogueira e comparsas – Manuela Azevedo, Filipe Melo, Nuno Rafael e Nélson Cascais – à medida que se apropriam desse património da música nacional para lhe dar a elevação merecida e provar, como diz o autor-actor-comediante-podcaster que também é músico nas horas vagas, que “o melhor raramente vem no refrão”.

Três Irmãs, Primeiros Sintomas

Olga, Macha e Irina sentem que o seu mundo acabou quando são obrigadas a trocar a atarefada Moscovo por uma cidade na província, onde a sua esperança e o seu desejo vão definhando entre o tédio, a ânsia de voltar e a decadência em volta. O drama das Três Irmãs, escrito por Anton Tchékhov, é reactivado nas tábuas do Centro de Artes de Lisboa pela companhia Primeiros Sintomas, que assim regressa à obra do dramaturgo russo, seis anos depois da premiada abordagem a Tio Vanya.

Então como agora, cabe a Bruno Bravo encenar uma história em que Tchékhov, “com as suas habituais subtilezas e profundidades psicológicas, faz deslocar a verdadeira acção para os insondáveis estados interiores das personagens”, explica a companhia “e oferece-nos uma partitura polifónica que é um quadro de vida”.

Ravel e variações

Começa com a Missa da Glória de Puccini a ecoar na Nave Central do Mosteiro de Alcobaça pelos instrumentistas da Sinfonietta de Lisboa e as vozes do Coro Ricercare. Terminará já em Agosto com um tributo a Coldplay pelo grupo Vocal Emotion. Entre eles, há-de receber Pedro Burmester, o Ars Choralis Coeln, a Baltimore Symphony Youth Orchestra, a Orquestra do Algarve, La Grande Chapelle, Le Poème Harmonique, Paula Morelenbaum Bossarenova Trio…

É a 33.ª edição do Cistermúsica a revelar “uma programação caleidoscópica e sensorial” que compreende mais de 50 espectáculos, é conduzida por três palavras apenas – Variações, Impressões e Ilusões – e é atravessada pela homenagem a Maurice Ravel, a propósito do 150.º aniversário do seu nascimento. Esta vertente revela-se não só em partituras de concertos, mas também no bailado Maurice Accompagné, em que a companhia de Paulo Ribeiro dança uma combinação de música do compositor francês e de Luís de Freitas Branco.

Trengos ao Porto

Honras feitas ao São João, que entrem os “trengos” em cena. O termo que veio da gíria dá nome ao festival de circo do Porto. Mas, à décima edição, já não engana ninguém: conhecemos bem o nível dos artistas que costumam passar pelo Trengo e são tudo menos desajeitados. E vão muito para além dos malabares e do pó de magnésio.

O festival convoca representações de cinco países – Portugal, França, Brasil, Argentina e Espanha – que tanto nos podem levar ao meta-espectáculo de circo que é o Ensayo de Una Catastrofe pela companhia A Tope como à Compaña surrealista de Xampatito Pato, passando por “um concerto malabarístico” da Stoptoï, o areal que sustenta o QOROQ do Kolektiv Lapso Cirk, o Deslize do Coletivo Nopok ou o piano-barco navegado poeticamente por Melissa Von Vépy. Além do cartaz apresentado no Porto, o evento organizado pela Erva Daninha tem ainda duas extensões a Vila Real e Penafiel, num total de 12 espectáculos traduzidos em mais de 25 sessões.



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