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Dados divulgados nesta sexta-feira (27/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, pela primeira vez, desde que o Censo populacional começou a ser realizado, os portugueses deixaram de ser maioria entre os imigrantes residentes no Brasil. Eles foram superados pelos venezuelanos, cuja comunidade em território brasileiro cresceu quase 94 vezes entre 2010 e 2022.
O total de portugueses morando no Brasil baixou, ao longo de 12 anos, de 137.972 para 104.345 — queda de 24%. No mesmo período, os venezuelanos saltaram de 2.869 para 271.514. Segundo Marcio Minamiguchi, gerente de Estimativas e Projeções de População do IBGE, houve uma mudança no perfil dos estrangeiros que emigraram para o Brasil, com forte aumento dos cidadãos oriundos da América Latina e do Caribe e redução dos europeus.
No total, destaca o IBGE, a população de estrangeiros e naturalizados brasileiros aumentou 70%, passando de 1 milhão, o nível mais elevado desde 1980. Em 2010, eram 592.448 cidadãos. Esses números mostram uma inversão no fluxo migratório para o Brasil, já que, desde 1960, a população imigrante vinha diminuindo.
Europeus em baixa
As estatísticas apontam que o grosso dos imigrantes vivendo no Brasil — 54% — chegou entre 2013 e 2022, ou seja, é um fenômeno recente. A América Latina e o Caribe passaram a responder por 72% dos estrangeiros espalhados pelo território brasileiro ante apenas 27% em 2010.
“Embora o crescimento dessas regiões tenha sido impulsionado, sobretudo, pela imigração a partir da Venezuela, outros países como Bolívia, Haiti, Paraguai, Argentina e Colômbia também se destacam como origens dos fluxos de migração internacional para o Brasil”, afirma Minamiguchi.
Fronteira com a Venezuela, Roraima superou o Rio de Janeiro como o estado com maior proporção de imigrantes na população, saindo de 0,6%, em 2010, para 12,84%. e, 2022. Em termos absolutos, São Paulo concentra o maior número de cidadãos estrangeiros: 359.223, o equivalente a 0,8% da população do estado. O Rio foi o único estado brasileiro com diminuição da população imigrante, de 96.821 para 80.292 cidadãos em 12 anos.
O IBGE constatou, ainda, que o Brasil já não atrai tantos imigrantes europeus. Entre 2010 e 2022, esse grupo caiu de 263.393 para 203.284 pessoas. Também houve retração entre cidadãos oriundos dos Estados Unidos e do Japão, que, com os europeus, respondiam pela maior parcela de estrangeiros vivendo no Brasil até 2010.