Portugal se torna a base de exportação do artesanato brasileiro para Europa | Negócios


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O artesanato brasileiro desembarcou em Lisboa na primeira ação em território português do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Com a cooperação do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 20 artesãos e empresas foram selecionados em um universo de 700 candidatos para participar da Jornada Exportadora, que vai de 30 de junho a 4 de julho. O objetivo é incrementar as vendas do setor especialmente para a Europa.

O capim dourado de Tocantins, as jóias e acessórios do Paraná e as rendas e têxteis do Nordeste, além de objetos de arte e decoração de várias partes do país, são alguns dos produtos que os interessados poderão encontrar a partir de Portugal. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, disse que a iniciativa confirma a entrada efetiva a agência em Lisboa. ”Ainda não inauguramos oficialmente o escritório, mas já estamos em funcionamento. Este é o primeiro evento com o projeto Brasil Feito à Mão, visando internacionalizar as empresas que trabalham com artesanato”, frisou.

Para Viana, “o Brasil tem que mostrar o que produz de artesanato, e a parceria com o Sebrae fará com que as empresas ganhem experiência internacional”. Visitas técnicas, palestras e cursos para que os artesãos e empresas entendam o processo de certificação e legalização das vendas no exterior são algumas das ações do evento.

Peso no PIB

O presidente da ApexBrasil fez questão de ressaltar que o artesanato no Brasil envolve aproximadamente 9 milhões de pessoas, das quais mais de 70% são mulheres. O setor representa 3% do Produto Interno Bruto(PIB), e o Nordeste é a região com maior predominância da produção, seguido de Sudeste, Norte, Centro-Oeste e Sul do país.

“Estamos colocando os pés na Europa e assim que sair o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que está andando bem, se tornará realidade o maior bloco econômico do mundo. Esta é uma grande oportunidade para o Brasil”, garantiu Viana. Ele acrescentou que o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, tem pressa em inaugurar a sede da Apex em Lisboa, que vai abrigar também a Embratur, a Fiocruz e, possivelmente, o Banco do Brasil.



A artesã Beatriz Yamaguchi, de Maringá, Paraná, designer de moda da marca Miyama, quer testar o mercado europeu para suas biojoias
Carlos Vasconcelos

No entender da gerente de Competitividade da Apex, Clarissa Furtado, o programa Jornada Exportadora oferece “uma oportunidade estratégica para que micro e pequenas empresas brasileiras compreendam as exigências do mercado internacional e possam adaptar seus produtos com orientação técnica qualificada e iniciar o desenvolvimento de negócios”. Ela complementa: “No caso do artesanato, é também uma chance de valorização da cultura brasileira em sua expressão mais autêntica”.

A ação, que conta também com apoio do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), política pública do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), tem como objetivo não apenas ampliar a presença do artesanato brasileiro no exterior, mas, também, promover negócios sustentáveis, inclusão produtiva e geração de renda para comunidades produtoras. O programa foi lançado em novembro do ano passado durante o evento Expo Artesanías, na Colômbia. Na ocasião, o Brasil foi o convidado de honra para a exposição, uma das maiores da América Latina dedicadas ao setor.

O gerente executivo do escritório da ApexBrasil em Portugal, Paulo Matheus, salientou a importância do artesanato brasileiro, “que emprega mais de 9 milhões de pessoas no Brasil e movimenta R$ 50 bilhões por ano”. Ele informa que na Jornada Exportadora está prevista uma visita à Feira Internacional do Artesanato, no Parque das Nações, em Lisboa, a maior da Península Ibérica e a segunda mais importante da Europa, onde o artesanato é muito importante. “Lá, os artesãos vão conhecer as tendências de mercado e manter contatos com os europeus que estão expondo seus produtos na feira”, informou.

Artesãos inovadores

A artesã Beatriz Yamaguchi, de Maringá, Paraná, designer de moda da marca Miyama, lançou biojoias com a expectativa de descobrir oportunidades no mercado europeu. Folhas, flores e plantas variadas são as matérias-primas para a produção de jóias, as quais são desidratadas, tratadas e cobertas com ouro ou prata, dando uma característica totalmente original a cada peça fabricada.



O casal Luís Henrique e Maria do Carmo Pereira aposta no sucesso dos artesanatos feitos com capim dourado
Carlos Vasconcelos

“Nossa marca está começando e pretendemos conhecer o mercado europeu, internacionalizar nossos produtos, apesar de não termos experiência com exportação, mas queremos saber como é o potencial dos compradores”, afirmou Beatriz. “Nas feiras que já participamos, na Colômbia, em Minas Gerais e em São Paulo, a reação do público foi muito boa. Todo mundo se encanta quando entende o que é o nosso produto e observa que são peças artesanais da natureza”, salientou.

Beatriz acredita que o resultado na Europa será semelhante. “Acredito que as pessoas vão se maravilhar com nossas peças, se encantar”, frisou. No segundo semestre ela estará em uma feira nos Estados Unidos, mais precisamente, em Nova York.

Luís Henrique e Maria do Carmo Pereira, dirigentes da Associação dos Artesãos do Capim Dourado Pontealtense, de Tocantins, estão bem motivados com a perspectiva de colocar seus produtos no exterior. Eles são especializados em artesanatos com capim dourado, que são costurados com os fios da fibra das folhas de buriti ou com fios coloridos de algodão, símbolos da região do Jalapão.

Com o material, fabricam biojoias, acessórios, objetos decorativos e peças autorais sob demanda de clientes. Os turistas são os grandes consumidores do artesanato produzido por eles e, a partir de agora, espera-se que também seja o público europeu. “Os nossos produtos estão presentes em eventos oficiais de governos e representantes internacionais. Agora, é a vez da Europa”, enfatizou Maria do Carmo.



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