Trubin defendeu golo de Schjelderup até à exaustão e o Benfica fez história | Crónica de jogo


Uma primeira parte plena de personalidade, uma segunda de absoluta resistência. Foi esta a fórmula que permitiu ao Benfica, sob as elevadas temperaturas de Charlotte, vencer pela primeira vez na história o Bayern Munique. Nesta terça-feira, os “encarnados” bateram os alemães por 1-0 e não garantiram apenas a qualificação para os oitavos-de-final do Mundial de clubes – fizeram-no como vencedores do Grupo C.

Foi um jogo de encaixes, como se de um puzzle se tratasse. Com as duas equipas em 4x2x3x1, os extremos controlavam as subidas dos laterais e os laterais controlavam mais o espaço interior, tendo o corredor esquerdo do Benfica (direito do Bayern) sido o mais procurado nos primeiros 20 minutos para acções com bola.

Com Renato Sanches, Leandro Barreiro e o apoio de Prestianni, a que se juntava muitas vezes Aursnes nos timings de pressão já no meio-campo defensivo, o Benfica foi controlando um Bayern que não conseguia fazer chegar a bola a Thomas Müller (Harry Kane começou no banco), porque também não estava disposto a arriscar na primeira fase de construção.


Aos 13′, o Benfica agitou as hostes. Renato Sanches, capaz na protecção da bola e nas saídas limpas, lançou Di María na direita, o argentino solicitou o cruzamento de Aursnes e o norueguês atrasou a bola na diagonal, para o movimento oportuno de Schjelderup, com finalização a condizer. Um desenho geométrico perfeito, que deixava as “águias” em vantagem.

A pausa para hidratação, em cima da meia hora de jogo, beneficiou os alemães. Vincent Kompany terá pedido mais risco aos centrais, Upamecano assumiu a iniciativa e o bloco subiu uns metros, forçando o adversário a juntar linhas nos últimos 40 metros. Ao Benfica, interessava conter o ímpeto dos bávaros e espreitar uma transição, por Di María ou Schjelderup, ou uma bola mais longa à procura de Pavlidis.

O intervalo chegava com três remates enquadrados dos “encarnados” contra nenhum do Bayern. Sintomático – especialmente porque no único encontro desta época entre os dois, na Liga dos Campeões, foi o Benfica que não conseguiu qualquer remate digno desse nome durante os 90 minutos, no Allianz Arena.




Upgrade do Bayern encostou Benfica às cordas

É verdade que o Bayern tinha deixado no banco talvez os três maiores agitadores do plantel (Olise, Musiala e Kane), mas isso não retirava mérito a um Benfica disciplinado e com nervos de aço na circulação em zonas baixas do terreno. Restava saber se essa estratégia, mais calculista, ia ser adequada aos segundos 45 minutos, previsivelmente de maior iniciativa e agitação bávaras.

Confirmou-se. As entradas de Kane, Olise e Kimmich aos 46′ mostravam bem as intenções dos bávaros, que não tardaram a impor outro ritmo na circulação e a multiplicar as trocas posicionais. As dificuldades do Benfica subiram em flecha e os primeiros minutos foram de pura sobrevivência, com Trubin em destaque – ora a bater a bola na frente, ora a travar Sané no um contra um (51′).

Bruno Lage foi rápido a reagir, trocando Prestianni e Schjelderup pela dupla turca, Kokçu e Akturkoglu, e o efeito foi relativamente positivo. O extremo esteve próximo do golo aos 55′, mas destacou-se essencialmente pela capacidade de cobrir metros e obstaculizar as acções de Olise. Ainda assim, não chegava para conter o assédio adversário e a equipa defendia já nos primeiros 30 metros.


Indicadores desse domínio: golo anulado a Kimmich, remate ao poste de Laimer (em posição irregular), defesa de Trubin a remate de Pavlovic já na área e uma mão-cheia de chegadas fáceis a zonas de decisão. O Benfica da primeira parte tinha desaparecido, também fruto do desgaste físico das principais unidades. E limitava-se a um exercício de resistência.

Exercício, esse, que se tornou mais verosímil com a entrada de Bajrami para o lugar de Renato Sanches, a 15 minutos do fim, reorganizando-se a equipa num 5x4x1 que foi um balão de oxigénio para Dahl – essencialmente para o sueco, forçado a trabalho redobrado durante largos períodos. Ainda assim, foi necessário recorrer a mais um par de grandes intervenções de Trubin (uma delas com Sané novamente isolado) para segurar aquele que é o primeiro triunfo sobre o Bayern, à 14.ª tentativa.

Agora, resta esperar pelo desfecho do Grupo D para conhecer o adversário do próximo sábado. Uma coisa é certa: o primeiro objectivo no torneio está assegurado. O que vier de agora em diante será lucro, desportivo e financeiro.





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