Donald Trump sublinhou esta sexta-feira que é possível ser alcançado um cessar-fogo na Faixa de Gaza, entre Israel e o Hamas, na próxima semana.
“Acabei de falar com algumas das pessoas envolvidas. A situação em Gaza é terrível. Acreditamos que vamos conseguir um cessar-fogo na próxima semana”, destacou, num evento para celebrar a assinatura do acordo de paz entre o Ruanda e a República Democrática do Congo, em Washington.
O líder republicano considerou que a cessação das hostilidades está próxima. “Estamos a trabalhar em Gaza e a tentar resolver o problema. Estamos a fornecer muito dinheiro e muita comida àquela zona porque precisamos”, enfatizou.
Trump acrescentou que, embora “em teoria” o seu país não esteja envolvido, na prática está “porque as pessoas estão a morrer”. “Vejam as multidões que não têm comida nem nada. Somos nós que ajudamos”, vincou, criticando outros países por “não ajudarem”.
A sua declaração foi feita no mesmo dia em que o jornal Haaretz noticiou que os soldados israelitas receberam luz verde para disparar sobre os residentes de Gaza desarmados perto dos pontos de distribuição de ajuda, algo que o Estado de Israel rejeitou veementemente, de acordo com uma declaração conjunta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do seu ministro da Defesa, Israel Katz.
No artigo, o jornal crítico dos conflitos de Israel na região cita vários militares, falando sob anonimato, com relatos de que tinham recebido ordens dos seus comandantes para disparar sobre multidões reunidas perto de centros de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, 549 pessoas morreram e cerca de quatro mil ficaram feridas perto de centros humanitários e em áreas onde os habitantes esperavam por camiões de alimentos da ONU desde que a Fundação Humanitária de Gaza (FHG), uma controversa organização apoiada por Israel e Estados Unidos, começou a operar no enclave controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, há um mês.
Segundo a BBC, a FHG disponibiliza caixas de alimentos e itens básicos de higiene em quatro locais de distribuição em Gaza, patrulhados por tropas israelitas e americanas. Para acederem a eles, os palestinianos devem fazer um controlo de identidade através de biometria e reconhecimento facial, sob a justificação de despistar qualquer envolvimento com o Hamas.
A ONU considerou a FHG “um fracasso” do ponto de vista humanitário e recusou-se, juntamente com as principais organizações humanitárias que operam em Gaza, a colaborar com ela, alegando que o funcionamento é opaco e a distribuição de alimentos não é equitativa em todo o território. No sistema de distribuição anterior, coordenado pela ONU, existiam cerca de 400 pontos de distribuição.
A organização humanitária refere ainda que a FHG coloca civis em perigo, obrigando-os a caminhar quilómetros, até locais arriscados, e defende que a estratégia usada pode servir para deslocar a população do Norte de Gaza, uma vez que todos os pontos de distribuição estão no Sul do enclave.