É um divórcio que continua a ter novos capítulos na praça pública, agora com renovadas ameaças. O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, sugeriu que o departamento criado por Elon Musk para cortar nos gastos públicos deveria analisar os encargos do Estado americano com o próprio Musk. E o empresário desafiou Trump a avançar com os cortes contra as suas empresas. Uma nova ronda de polémicas desencadeadas por cada um dos magnatas nas suas próprias redes sociais.
“Elon deve ser o ser humano que, de longe, mais subsídios recebeu em toda a história, e, sem subsídios, Elon deveria ter de fechar a loja e regressar à África do Sul. Não há mais lançamentos de foguetões, satélites, ou produção de carros eléctricos e o nosso país iria poupar uma fortuna”, escreveu Trump numa publicação na sua Truth Social. Fortuna está, na mensagem original, em maiúsculas.
E é nesta nota — em que começa por lembrar a Musk que não se deve obrigar ninguém a ter carros eléctricos — que Trump abre a porta aos cortes: “talvez o DOGE deva olhar, atentamente, para isto?” O DOGE é o departamento de eficiência governamental que Musk quis implementar no país, quando fez parte de equipa de Trump na Casa Branca.
O DOGE visava uma combinação de vendas de activos, de renegociações de contratos, de poupanças regulatórias, de redução de custos com pessoal: agora, Trump considera que é nos subsídios ao líder da Tesla que se conseguirá “poupar muito dinheiro”. Mais uma vez, em maiúsculas.
Na sua rede social X, Elon Musk respondeu a uma publicação sobre estas palavras de Trump: “Eu estou literalmente a dizer: cortem-nos todos. Agora”. A expressão “corte-nos todos” está em maiúsculas.
O próprio Financial Times já tinha noticiado que o império empresarial de Musk beneficia dos mais de 20 mil milhões de euros em contratos com entidades públicas.
Desde que deixou a assessoria à Casa Branca de Trump, Musk tem estado sob pressão, devido em parte à sua Tesla. A empresa de carros eléctricos tem verificado uma quebra de vendas pela Europa e esta terça-feira a agência de informação Reuters adianta que a Suécia e a Dinamarca reportaram uma quebra de vendas pelo sexto mês consecutivo. As acções da empresa na sua negociação em Frankfurt estão a recuar 5%.
Esta tensão ocorre quando o Senado norte-americano discute o pacote de isenções fiscais e de cortes de programas sociais proposto por Trump, o One Big Beatiful Bill, que prevê mais despesas com a segurança de fronteiras e com a defesa. Aliás, Musk — que tem insistido na ideia de criação de um novo partido político — considera que o diploma pode levar ao maior aumento de sempre de dívida pública e as suas publicações no X têm sido instrumentos de fortes críticas a esta política, que já apelidou de “insana e destrutiva”.
No Senado, os republicanos têm de ser entender sobre o que cortar (e Musk já os avisou de que vão perder eleições em 2026 se apoiarem o pacote) e os democratas estão contra o pacote.