As negociações em vista ao estabelecimento de um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e o Canadá sofreram um novo revés esta sexta-feira com o anúncio, pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, da sua suspensão e do iminente decreto de uma nova taxa sobre as importações canadianas. Em causa, justifica Trump, está a entrada em vigor no Canadá, prevista para dia 30, de uma taxa de 3% sobre serviços digitais de empresas norte-americanas como a Apple, a Google ou a Amazon.
Numa publicação na rede social Truth Social, Trump considerou o imposto digital como “um ataque directo e descarado” aos EUA e descreveu o Canadá como “um país muito difícil para fazer negócios”.
“Tendo em conta este imposto escandaloso, damos como terminadas todas as negociações comerciais com o Canadá, com efeitos imediatos”, acrescentou. “Vamos dar conhecimento ao Canadá da tarifa que vai pagar para fazer negócios com os Estados Unidos da América durante os próximos sete dias”, escreveu Trump.
A declaração contraria o optimismo revelado horas antes pelo secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, acerca da possível assinatura de um acordo entre os governos de Washington e Otava, bem como da celebração de acordos com 17 outros parceiros comerciais. Em meados de Junho, e à margem do encontro do G7 no Canadá, o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, tinha afirmado esperar a assinatura de um acordo comercial e de segurança entre os dois países nos 30 dias seguintes.
O Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos EUA, logo atrás do México, sendo o seu principal fornecedor de aço e de energia. A actual guerra comercial declarada pela Administração Trump a 2 de Abril, com uma série de tarifas justificadas pelo Presidente republicano com a existência de défices comerciais com o Canadá e dezenas de outros países, tem penalizado especialmente a indústria automóvel, que tem parte da sua cadeia de produção na América do Norte dividida entre estes dois países e o México.
Em sentido inverso, os EUA e a China confirmaram nesta sexta-feira os detalhes de um acordo para a retirada ou redução das taxas aduaneiras mutuamente decretadas, e que incluirá a diminuição de restrições aplicadas às empresas tecnológicas norte-americanas no mercado chinês e a autorização para exportação chinesa das chamadas terras raras para os EUA. Washington corresponderá com o cancelamento de uma série de restrições a empresas e investimentos chineses no mercado norte-americano.
Os anúncios relativos ao Canadá e à China surgem numa altura em que a Administração Trump estará a poucos dias de suspender uma trégua global na guerra comercial decretada em Abril e de notificar “mais de 200 países”, nas palavras de Trump, sobre “o que têm de pagar para fazer negócios nos EUA”.