Um Tivoli no Tenerife: entre o roque e o mar, um oásis | Canárias


Diante do nosso quarto, a paisagem é como um paraíso tropical luxuriante, palmeiras de vários tipos e outras árvores esguias, arbustos de flores coloridas e, ao fundo, o mar; mas quando saímos para o corredor, aberto aos elementos, o cenário é árido e trepa montes. Um deles, o mais alto visto daqui, culmina num planalto, é o Roque [rocha] del Conde, que com os seus mil metros de altitude é uma silhueta familiar na Costa de Adeje.

Há poucas décadas, neste troço do litoral sul de Tenerife, não havia quase nada, além dos pueblos, que viviam entre a pesca e a agricultura. Agora, uma barreira de hotéis e resorts borda a costa e, entre eles, o Tivoli La Caleta, cinco estrelas, a 15 minutos do aeroporto (de Tenerife Sul), é dos mais recentes: abriu oficialmente as suas portas em 2024, substituindo-se ao anterior La Caleta Resort, inaugurado em 2005, parte do grupo Sheraton Hotels & Resorts. Manteve-se a arquitectura, do boliviano Melvin Villarroel, renovaram-se os interiores que seguem o ar do tempo mas não esquecem onde estão.

Quem vê a fachada não imagina o jardim subtropical que é abraçado pelo edifício em forma de U e que desemboca quase em cima do mar. Um oásis que se esconde para lá de uma primeira impressão que é a de um casbah — as paredes de terracota aqui são como de uma fortaleza, poucas janelas. Em contraste absoluto com as fachadas interiores do complexo, uma sinfonia de varandas, uma cascata de plantas e uma arquitectura de ângulos amansados por sinuosidades que se misturam com o jardim como se este fosse o seu prolongamento natural.

Porém, antes de tudo, um copo de cava (espumante) a acompanhar o check-in na ampla recepção, que se estica ao longo dos cinco andares do Tivoli La Caleta, divididos em 284 quartos (desde 258€) e 20 suítes (com alguns privilégios, como o lounge exclusivo La Caleta, junto da piscina principal com snacks todo o dia). Depois subimos ao quarto andar, onde, como acontece com quase todos, o quarto está virado para o jardim e, portanto, para o mar, numa varanda grande onde cabem espreguiçadeiras e mesa com cadeira.




Tiago Bernardo Lopes

A sobriedade e o conforto imperam em todo o resort (e isso é incomum) — do lobby aos bares (são quatro, cada qual com a sua temática), sem esquecer os restaurantes, claro. São também quatro, destacando-se três do universo do empresário Olivier da Costa, no que é a sua estreia em Espanha: o Yakuza é o representante da alta cozinha, japonesa (revisitada), onde tivemos direito a um banquete à medida, e o Seen é o conceito que Olivier criou para os hotéis Tivoli, aqui em versão beach club, vista para a praia, para o pôr-do-sol e produtos locais incluídos, como as famosas “papas arrugadas”, especialidade canária (batatas cozidas com sal até enrugarem e molhos picón ou verde). O trio completa-se com o Guilty, que é o mais informal, só abre ao almoço com a sua comida de conforto inspirada em várias partes do mundo (dos inevitáveis hambúrgueres e pizzas, ao rigatoni al vodka, que aprovámos), e que tem a companhia da sua versão bar. Ambos olham a piscina principal do resort, água salgada, ponte de madeira para um jacuzzi central e vista de mar, rodeada de espreguiçadeiras.




Tiago Bernardo Lopes

Há mais duas piscinas, incluindo uma só para adultos. Todas aquecidas. Para uma experiência mais “fria”, o spa é o indicado. Com a assinatura Anantara, conta com uma cabina de gelo e uma piscina de imersão fria (ao lado da de imersão quente, bem ao estilo romano). E, para sermos mais rigorosos, tem também uma piscina de hidroterapia, sauna, banho turco, várias salas de duches sensoriais. Tem também 12 salas de tratamento e foi numa delas que tivemos direito a uma massagem relaxante de 50 minutos.




Tiago Bernardo Lopes

E de tudo o que sabemos poder esperar de um resort, não esperávamos Olivia. Calções de ganga, T-shirt rosa, cabelo louro e compenetração enquanto faz as mãos voar pelo teclado. Quando termina, um sorriso largo, para trás, onde está a mãe. Olivia tem 12 anos e é vizinha do hotel. Como em casa “só tem um teclado”, vem aqui amiúde tocar o piano de cauda que está no lobby. E é assim que nos despedimos, ao som de Chopin.



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